São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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Polícia do PR recebe fragmento de bala disparada em conflito

da Agência Folha, em Curitiba

e em Campo Largo

O militante do MST Aparecido Alves de Souza entregou ontem à Polícia Civil do Paraná fragmento de revestimento de uma bala, que pode ter sido a que matou o agricultor Antônio Tavares Pereira, no conflito entre sem-terra e policiais militares, na terça-feira.
Com isso, pode-se definir a arma do crime. O revestimento -perdido porque a bala ricocheteou antes de atingir Pereira- fica marcado pelo cano da arma. Apenas com o miolo da bala, recolhido do corpo, não seria possível realizar o exame de balística.
Considerado a principal testemunha do caso, Souza, disse em seu depoimento que recolheu o fragmento quando se protegia, atrás de um ônibus, dos tiros da PM. A perícia não encontrou mais nada na área.
O diretor do Instituto de Criminalística, Lourenço Bueno, considerou coerente o relato de Souza. Ele acrescentou que um exame indicará se o fragmento e o "miolo do projetil" que atingiu Pereira vêm da mesma munição.
O delegado responsável, Fauze Mahmoud Hussain, disse que solicitaria à PM o encaminhamento de uma camionete, cujo capô foi amassado pelos sem-terra. Dela teriam partido os tiros. O delegado quer a identificação dos ocupantes e as armas usadas por eles.
Para Hussain, o fato de a bala ter ricocheteado antes de atingir Souza indica que o autor do disparo não teve intenção de matar.
O deputado Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha (PT-PR), disse, baseado em informações que a PM prestou a ele e ao presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marcos Rolim (PT-RS), que os números da placa da camionete suspeita são 4516.
"Das dez camionetes quebradas, apenas duas foram atingidas por foices e amassadas pelos sem-terra. Uma delas é um camburão, o que a descarta. Resta a camionete de número 4516", disse.
O subcomandante da PM, coronel Sanderson Diotalevi, confirmou que foram fornecidos os dados ao deputado, mas considerou suas conclusões apressadas. Segundo ele, as camionetes estão à disposição para perícia.

Desaparecidos
Três integrantes do MST afirmaram ontem à polícia que viram dois homens feridos por tiros disparados pela PM durante o confronto na terça-feira.
Quatro delegados e dois promotores ouviram, na delegacia de Campo Largo, o relato de 28 militantes do MST.
Rogério Mauro, um dos líderes do MST no Estado, disse que os dois sem-terra, supostamente mortos com tiros na nuca e na barriga, estão entre os 16 que não apareceram até o final da tarde de ontem. O MST não sabe a identidade dos desaparecidos.


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