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Detidos dizem ser presos políticos
JULIA DUAILIBI
da Reportagem Local
Os 15 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que estão presos
no Complexo do Carandiru, em
São Paulo, disseram ontem que
são presos políticos.
Eles estão detidos no complexo
desde a noite de terça-feira por terem invadido no mesmo dia o
prédio do Ministério da Fazenda,
na região central de São Paulo.
Segundo eles, não haveria motivo para a prisão do grupo, já que a
invasão foi uma manifestação
contra a atual política de reforma
agrária do governo.
Os militantes politizam a prisão,
argumentando sobre a ineficácia
da política agrária atual do presidente Fernando Henrique. Para
eles, as últimas medidas do governo em relação à questão agrária só
vão piorar o conflito.
Entre os presos do MST, muitos
têm formação universitária e todos são réus primários.
Achilles Delári Júnior, por
exemplo, é professor universitário. Ele recebeu ontem a visita da
namorada, Denise Mesquita de
Melo. Os dois disseram que só
tentavam acalmar a situação, pois
o "clima estava tenso". Entretanto, Delári disse que tentou negociar e acabou preso.
Na penitenciária feminina, Soraya Soriano, a única integrante
mulher do MST que foi presa,
ocupa sozinha uma cela.
Ela afirmou que a proibição da
manifestação é uma volta para a
década de 70, se referindo ao período de governo militar (1964-1985). Soraya é bióloga, formada
pela PUC de Campinas, e dá aulas
no acampamento próximo a Bauru, a 345 km de São Paulo.
"Estamos tentando construir
uma coisa melhor. Alguns vão ser
presos, outros vão parar no meio
do caminho, mas o mundo se movimenta desta forma."
O presidente do PT, José Dirceu, foi até o Carandiru fazer um
apelo para que os presos sejam liberados. Ele considera a prisão
"criminosa" e "covarde".
O MST pretende fazer uma vigília em frente ao Complexo do Carandiru e realizar uma missa na
porta da prisão.
Pedido negado
O juiz estadual César Augusto
Andrade de Castro, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), não se manifestou sobre o
pedido de liberdade provisória
dos 15 presos, alegando não ter
competência para analisar o caso,
que foi para a Justiça Federal.
"É estranho, pois eles têm competência para prender, mas não
têm competência para soltar",
disse o advogado dos integrantes
do grupo, Roberto Podval.
Ele afirmou que tentará entrar
hoje com o pedido de liberdade
provisória no plantão da Justiça
Federal, como o pedido de relaxamento do flagrante.
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