São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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GOVERNO
Deputado assume a vaga de Greca na terça; indicação veio de negociação do governo com o PFL
Melles quer "dar alegria ao brasileiro"

WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília

O deputado Carlos Melles (PFL-MG), 53, engenheiro agrônomo e cafeicultor que assume o Ministério do Esporte e Turismo na próxima semana, disse que, na pasta, vai procurar "dar alegria ao brasileiro".
Melles se reuniu ontem por cerca de uma hora com o presidente Fernando Henrique Cardoso e saiu dizendo que "teve de aceitar" a nomeação para o cargo, concretizada uma semana após a demissão de Rafael Greca. O deputado toma posse às 15h da próxima terça-feira.
O novo ministro foi indicado pelo senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, e pelo líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira, como parte da negociação para acalmar os pefelistas, que ameaçavam votar em plenário no Congresso contra o salário mínimo de R$ 151.
O valor, determinado em medida provisória pelo governo, é inferior à proposta de R$ 177 defendida pelo partido.
Na saída, o ex-relator geral do Orçamento da União deste ano disse que "aceitou o desafio" de servir a FHC, à equipe de governo e ao Brasil. "E para servir sobretudo ao povo brasileiro."

Pouca intimidade
Apesar de ter quase nenhuma intimidade com os dois temas que trabalhará, Melles disse que veio "para servir, não para ser servido".
O futuro ministro disse que só discutirá a nomeação de sua equipe de trabalho depois de sua posse, mas fez vários elogios ao atual presidente da Embratur, Caio de Carvalho.
Evitou, no entanto, falar do futuro do presidente do Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), Augusto Viveiros.
O órgão é o principal envolvido nas denúncias de irregularidades na autorização para o funcionamento de bingos, o que acabou gerando a demissão de Rafael Greca.
Assim como seu antecessor, Melles disse que houve pressões para que ele não assumisse o Ministério do Esporte e Turismo. Não quis dizer quais, mas referiu-se à série de denúncias de irregularidades envolvendo favorecimentos no Orçamento e indicação de cargos públicos.
"Vocês da imprensa conhecem como é a vida, como agem as pessoas no sentido de querer derrubar a pessoa enquanto ela não está legitimada no cargo", afirmou o futuro ministro.
Apesar disto, Melles disse não estar preocupado com "forças ocultas". "Se tem força oculta, ela me ajudou muito porque elas me fizeram ministro."
Greca caiu após um longo processo de desgaste político, que incluiu denúncias de irregularidades em contratos do Indesp, e culminou com o fracasso das comemorações dos 500 anos do Descobrimento -que estiveram a seu cargo e cuja principal imagem resultante é a de um índio deitado na frente da tropa de choque da PM baiana.
Melles disse que vai convidar o governador de Minas, Itamar Franco (sem partido), para sua posse, mas não vai usar desse artifício para tentar aproximar Itamar de FHC. "Não tenho essa pretensão."

"Ação é política"
Melles reafirmou várias vezes durante a entrevista que sempre dedicou sua vida à cafeicultura - "Eu sou o deputado do café, exalo café"- e ao trabalho em cooperativas e que usará essa experiência na gestão do ministério, para compensar a falta de conhecimento técnico.
"Entendo que a ação do ministro é política, que o ministro não precisa ser um profundo entendedor do esporte e do turismo, mas saberei o suficiente para fazer uma gestão digna, séria e, espero, competente", afirmou.
Segundo Melles, que posou para fotografias em frente ao Palácio da Alvorada, o Ministério do Esporte e Turismo "foi criado para dar alegria ao brasileiro".
Na área de esportes, disse que vai se dedicar a promover o esporte comunitário, envolvendo crianças e deficientes físicos, além do esporte profissional.
No turismo, disse que pode se valer de uma experiência que vivenciou em sua cidade, São Sebastião do Paraíso (MG).
"Entendo que a ação do ministro é política. Entendo que o ministro não precisa ser um profundo entendedor do esporte e do turismo, mas saberei o suficiente para fazer uma gestão digna, séria e, espero, competente no ministério."


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