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GOVERNO
Deputado assume a vaga de Greca na terça; indicação veio de negociação do governo com o PFL
Melles quer "dar alegria ao brasileiro"
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O deputado Carlos Melles (PFL-MG), 53, engenheiro agrônomo e
cafeicultor que assume o Ministério do Esporte e Turismo na próxima semana, disse que, na pasta,
vai procurar "dar alegria ao brasileiro".
Melles se reuniu ontem por cerca de uma hora com o presidente
Fernando Henrique Cardoso e
saiu dizendo que "teve de aceitar"
a nomeação para o cargo, concretizada uma semana após a demissão de Rafael Greca. O deputado
toma posse às 15h da próxima terça-feira.
O novo ministro foi indicado
pelo senador Jorge Bornhausen
(SC), presidente do PFL, e pelo líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira, como parte da
negociação para acalmar os pefelistas, que ameaçavam votar em
plenário no Congresso contra o
salário mínimo de R$ 151.
O valor, determinado em medida provisória pelo governo, é inferior à proposta de R$ 177 defendida pelo partido.
Na saída, o ex-relator geral do
Orçamento da União deste ano
disse que "aceitou o desafio" de
servir a FHC, à equipe de governo
e ao Brasil. "E para servir sobretudo ao povo brasileiro."
Pouca intimidade
Apesar de ter quase nenhuma
intimidade com os dois temas que
trabalhará, Melles disse que veio
"para servir, não para ser servido".
O futuro ministro disse que só
discutirá a nomeação de sua equipe de trabalho depois de sua posse, mas fez vários elogios ao atual
presidente da Embratur, Caio de
Carvalho.
Evitou, no entanto, falar do futuro do presidente do Indesp
(Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), Augusto
Viveiros.
O órgão é o principal envolvido
nas denúncias de irregularidades
na autorização para o funcionamento de bingos, o que acabou
gerando a demissão de Rafael
Greca.
Assim como seu antecessor,
Melles disse que houve pressões
para que ele não assumisse o Ministério do Esporte e Turismo.
Não quis dizer quais, mas referiu-se à série de denúncias de irregularidades envolvendo favorecimentos no Orçamento e indicação de cargos públicos.
"Vocês da imprensa conhecem
como é a vida, como agem as pessoas no sentido de querer derrubar a pessoa enquanto ela não está legitimada no cargo", afirmou
o futuro ministro.
Apesar disto, Melles disse não
estar preocupado com "forças
ocultas". "Se tem força oculta, ela
me ajudou muito porque elas me
fizeram ministro."
Greca caiu após um longo processo de desgaste político, que incluiu denúncias de irregularidades em contratos do Indesp, e culminou com o fracasso das comemorações dos 500 anos do Descobrimento -que estiveram a seu
cargo e cuja principal imagem resultante é a de um índio deitado
na frente da tropa de choque da
PM baiana.
Melles disse que vai convidar o
governador de Minas, Itamar
Franco (sem partido), para sua
posse, mas não vai usar desse artifício para tentar aproximar Itamar de FHC. "Não tenho essa pretensão."
"Ação é política"
Melles reafirmou várias vezes
durante a entrevista que sempre
dedicou sua vida à cafeicultura -
"Eu sou o deputado do café, exalo
café"- e ao trabalho em cooperativas e que usará essa experiência na gestão do ministério, para
compensar a falta de conhecimento técnico.
"Entendo que a ação do ministro é política, que o ministro não
precisa ser um profundo entendedor do esporte e do turismo, mas
saberei o suficiente para fazer
uma gestão digna, séria e, espero,
competente", afirmou.
Segundo Melles, que posou para fotografias em frente ao Palácio
da Alvorada, o Ministério do Esporte e Turismo "foi criado para
dar alegria ao brasileiro".
Na área de esportes, disse que
vai se dedicar a promover o esporte comunitário, envolvendo
crianças e deficientes físicos, além
do esporte profissional.
No turismo, disse que pode se
valer de uma experiência que vivenciou em sua cidade, São Sebastião do Paraíso (MG).
"Entendo que a ação do ministro é política. Entendo que o ministro não precisa ser um profundo entendedor do esporte e do turismo, mas saberei o suficiente
para fazer uma gestão digna, séria
e, espero, competente no ministério."
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