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ALAGOAS
Manoel Gomes de Barros e sete deputados estaduais são acusados de envolvimento em assassinatos e tráfico
Ex-coronel liga ex-governador a crimes
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
O depoimento
prestado na CPI do
Narcotráfico pelo
ex-coronel da Polícia Militar de Alagoas Manoel Cavalcante, acusado de liderar o crime
organizado no Estado, envolveu
sete deputados estaduais e o ex-governador Manoel Gomes de
Barros em assassinatos, roubo de
carros e tráfico de drogas e armas.
Cavalcante foi acareado na tarde de ontem com o ex-governador Barros, em uma sessão tumultuada e marcada por ofensas.
Os deputados Moroni Torgan
(PFL-CE), relator da CPI, e Róbson Tuma (PFL-SP), afirmaram
que vão detalhar as investigações
e que "o indiciamento dos citados
é praticamente inevitável".
Após deixar a sala, Barros acabou aceitando a acareação. Ele
disse que responsabilizaria os
membros da CPI por qualquer
morte que acontecesse no recinto.
Barros disse estar "constrangido" em debater com um "bandido" que ele prendeu enquanto governador. O ex-coronel detalhou
encontros com o ex-governador,
e a CPI considerou as respostas de
Barros muito defensivas, segundo
Moroni e Tuma.
"O bandido que está aqui, foi o
senhor e os deputados que fizeram. Meu erro foi ter cometido os
crimes que o governo me escalou
para cumprir", disse Cavalcante.
Barros rebateu: "Estou constrangido, porque nunca imaginei
ter que me confrontar com um
homem que deu um banho de
sangue no Estado".
O ex-coronel acusou Barros de
ter mandado matar a deputada
Ceci Cunha (PSDB-AL), em 98, o
estudante Dimas Holanda e o ex-coordenador de Arrecadação do
Estado Silvio Viana.
Cícero Ferro (PTB), vice-presidente da Assembléia Legislativa,
Antônio Albuquerque (PRTB),
João Beltrão (PMDB), Júnior
Leão (PST), Francisco Tenório
(PDT), Celso Luiz (PST) e Fátima
Cordeiro (PFL), deputados citados pelo ex-coronel, desconheceram a convocação da CPI.
Eles afirmaram que não aceitavam acareação com o ex-coronel
e muito menos participar do "teatro armado pela CPI". Os próprios deputados denunciados requisitaram a abertura de uma CPI
local para investigar as denúncias.
Diante da situação, a CPI pediu
para que o governador Ronaldo
Lessa (PSB) crie um aparato paralelo para a investigação. Os deputados são aliados do governo.
Traficante carioca
Por dez minutos um traficante
carioca que fora preso pela Polícia
Federal no Ceará prestou depoimento. Encapuzado, disse que
vendeu armas e cocaína para várias autoridades de Alagoas.
No início da madrugada de ontem, a CPI apresentou um cheque
de R$ 14 mil depositado pela empresa Tigre Vigilância na conta do
Rogério Farias, irmão do deputado Augusto Farias (PPB-AL), que
é investigado pela CPI.
A empresa também paga contas
de Augusto Farias, o verdadeiro
dono, segundo a CPI.
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