São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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ALAGOAS
Manoel Gomes de Barros e sete deputados estaduais são acusados de envolvimento em assassinatos e tráfico
Ex-coronel liga ex-governador a crimes


ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió


O depoimento prestado na CPI do Narcotráfico pelo ex-coronel da Polícia Militar de Alagoas Manoel Cavalcante, acusado de liderar o crime organizado no Estado, envolveu sete deputados estaduais e o ex-governador Manoel Gomes de Barros em assassinatos, roubo de carros e tráfico de drogas e armas.
Cavalcante foi acareado na tarde de ontem com o ex-governador Barros, em uma sessão tumultuada e marcada por ofensas.
Os deputados Moroni Torgan (PFL-CE), relator da CPI, e Róbson Tuma (PFL-SP), afirmaram que vão detalhar as investigações e que "o indiciamento dos citados é praticamente inevitável".
Após deixar a sala, Barros acabou aceitando a acareação. Ele disse que responsabilizaria os membros da CPI por qualquer morte que acontecesse no recinto.
Barros disse estar "constrangido" em debater com um "bandido" que ele prendeu enquanto governador. O ex-coronel detalhou encontros com o ex-governador, e a CPI considerou as respostas de Barros muito defensivas, segundo Moroni e Tuma.
"O bandido que está aqui, foi o senhor e os deputados que fizeram. Meu erro foi ter cometido os crimes que o governo me escalou para cumprir", disse Cavalcante.
Barros rebateu: "Estou constrangido, porque nunca imaginei ter que me confrontar com um homem que deu um banho de sangue no Estado".
O ex-coronel acusou Barros de ter mandado matar a deputada Ceci Cunha (PSDB-AL), em 98, o estudante Dimas Holanda e o ex-coordenador de Arrecadação do Estado Silvio Viana.
Cícero Ferro (PTB), vice-presidente da Assembléia Legislativa, Antônio Albuquerque (PRTB), João Beltrão (PMDB), Júnior Leão (PST), Francisco Tenório (PDT), Celso Luiz (PST) e Fátima Cordeiro (PFL), deputados citados pelo ex-coronel, desconheceram a convocação da CPI.
Eles afirmaram que não aceitavam acareação com o ex-coronel e muito menos participar do "teatro armado pela CPI". Os próprios deputados denunciados requisitaram a abertura de uma CPI local para investigar as denúncias.
Diante da situação, a CPI pediu para que o governador Ronaldo Lessa (PSB) crie um aparato paralelo para a investigação. Os deputados são aliados do governo.

Traficante carioca
Por dez minutos um traficante carioca que fora preso pela Polícia Federal no Ceará prestou depoimento. Encapuzado, disse que vendeu armas e cocaína para várias autoridades de Alagoas.
No início da madrugada de ontem, a CPI apresentou um cheque de R$ 14 mil depositado pela empresa Tigre Vigilância na conta do Rogério Farias, irmão do deputado Augusto Farias (PPB-AL), que é investigado pela CPI.
A empresa também paga contas de Augusto Farias, o verdadeiro dono, segundo a CPI.


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