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Eleições de 2002 devem influenciar votos do conselho
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
VERA MAGALHÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 9 dos 16 membros
do Conselho de Ética do Senado
pretendem ser candidatos aos governos de seus Estados em 2002.
Essa preocupação eleitoral, segundo os próprios membros do
conselho, deve influenciar na decisão sobre as punições que podem ser aplicadas aos senadores
Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem
partido-DF) no caso da violação
do painel de votação.
A avaliação no Congresso é que
os senadores que votarem por
uma punição leve aos colegas poderão ser prejudicados na eleição,
pois a maioria da opinião pública
quer a cassação dos dois.
"Os senadores votarão com um
olho no processo e o outro em
2002", admite o senador Ney
Suassuna (PMDB), integrante do
Conselho de Ética e pré-candidato ao governo da Paraíba. ""Há
duas palavras de ordem nesse
processo: justiça e sobrevivência
política", conclui Suassuna.
Outro fato que demonstra a força da questão eleitoral é que 10
dos 16 membros do conselho ficarão sem mandato no final de
2002. Por isso, precisarão disputar
ao menos a reeleição. Apenas um
senador, o relator Saturnino Braga (PSB-RJ), admite estar fora da
disputa em 2002 -tem mais quatro anos de mandato e diz que não
deve disputar o governo do Rio.
Preocupado com essa questão,
ACM tenta o impedimento de todos os integrantes do conselho
que declararem seus votos. Se
conseguir, tentará emplacar senadores que estejam longe da disputa eleitoral para substituí-los.
Um governista que faz parte do
conselho tem pesquisas que mostram que mais de 70% da população de seu Estado defende a cassação de ACM e Arruda.
A oposição ajuda a espalhar a
influência da opinião pública para
garantir a punição máxima. Para
um parlamentar do bloco, senadores que querem aliar-se aos
partidos de oposição em seus Estados em 2002 precisarão defender a cassação.
Esse é o caso dos peemedebistas
Amir Lando (RO) e Casildo Maldaner (SC), que tentam viabilizar-se como candidatos de oposição.
O mesmo motivo levou os dois a
assinar a CPI.
Em Rondônia, o poder está nas
mãos do PFL e do PSDB. Lando
busca aliança com partidos de esquerda e pretende ter uma prefeita do PSB como vice.
Maldaner tenta mostrar-se como oposição a Esperidião Amin
(PPB) e Jorge Bornhausen (PFL),
que dominam a política no Estado e têm ótimas relações com o
governo do presidente FHC.
Outros membros do conselho
ainda precisam viabilizar-se em
seus Estados. Para isso, contam
com o destaque obtido com a participação no julgamento de ACM
e Arruda. É o caso de Ramez Tebet (PMDB-MS), presidente do
conselho. Tebet disputa com o
prefeito de Campo Grande, André Puccineli, a candidatura de
oposição ao atual governador do
Estado, Zeca do PT.
Na mesma situação está o tucano Antero Paes de Barros (MT),
que disputará a convenção do
partido com o prefeito de Cuiabá,
Roberto França. Ele nega que a
ênfase empregada em suas intervenções -sempre televisionadas- nos depoimentos tenha
motivação eleitoreira.
"Os senadores estão levando em
conta a opinião pública. O julgamento será feito independentemente do fato de haver eleições
em 2002", diz o tucano.
O corregedor Romeu Tuma
(PFL-SP), derrotado na última
eleição à Prefeitura de São Paulo,
quer tentar o governo. Mas pode
concorrer novamente ao Senado
caso o PFL se alie ao PMDB ou ao
PSDB, abrindo mão de encabeçar
a chapa na sucessão estadual.
Jefferson Péres (PDT-AM), que
tem se destacado como um dos
membros mais incisivos do conselho, quer o governo do Amazonas, mas só se conseguir uma
frente ampla de oposição.
"Não tenho dinheiro para viabilizar uma campanha cara como
para o governo. Precisaria ter o
respaldo partidário e financeiro."
Ele também evita a relação direta entre a atuação no conselho e a
eleição. "Jamais vão me ver empunhando a bandeira da ética como mote eleitoral. Para mim, ética não é uma qualidade que deva
ser apregoada, e sim uma questão
pessoal", discursa.
Dois senadores do Nordeste dependem do destino de seus padrinhos políticos para decidir o futuro. Lúcio Alcântara (PSDB-CE)
quer o governo, mas pode disputar o Senado se for conveniente ao
governador Tasso Jereissati.
O carlista Paulo Souto (PFL) é o
pré-candidato do partido ao governo baiano. Mas pode ter que
dar lugar a ACM. Nesse caso, ficaria no Senado, onde tem mandato
até o final de 2006.
Também com mandato até
2006, Heloísa Helena (PT) irá disputar o governo de Alagoas. Ela
acompanha o caso do painel com
interesse pessoal: cassados ACM e
Arruda, verá fortalecida a posição
de que foi caluniada quando o pefelista divulgou que ela votou contra a cassação de Luiz Estevão.
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