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Políticos conservadores ganham espaço no partido
MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO
Desde sua criação, em 1988, o
PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) vem adquirindo
um perfil cada vez mais conservador. Hoje, 30% de todos os deputados federais tucanos se originaram da Arena e de seus dois principais herdeiros, o PDS e o PFL.
Se nesse cálculo forem incluídos
parlamentares de outras legendas
consideradas de "direita" (PTB,
PL, PRN, PP), a proporção de tucanos conservadores chega a 41%,
taxa elevada para um partido que
se denomina "social-democrata".
Fundado por políticos originários do PMDB que faziam oposição ao presidente José Sarney
(1985-1990), o partido incorporou
inicialmente poucos parlamentares do PDS e do PFL devido à resistência de sua ala esquerda.
Eram eles: os deputados Caio
Pompeu de Toledo (SP), Jorge
Hage (BA), Maria Abadia (DF),
Saulo Queiroz (MS) e Jayme Santana (MA), que perfaziam 12,2%
da bancada tucana na Câmara, e o
senador Afonso Arinos (RJ).
Desde então, a quantidade de
parlamentares tucanos oriundos
de partidos conservadores vem
crescendo a cada pleito. Nas eleições de 1990, a maioria dos integrantes do Movimento de Unidade Progressista, a "esquerda" tucana, não obteve a reeleição.
Esse declínio abriu caminho para a adesão de mais conservadores -como o senador Jutahy Magalhães (BA), ex-arenista.
Na Câmara, a eleição de Ciro
Gomes (ex-arenista) ao governo
do Ceará foi acompanhada por
uma leva de "social-democratas"
de origem conservadora (Arena,
PDS, PRN, PDC): José Linhares,
Ernani Viana, Mauro Sampaio,
Jackson Pereira. O mesmo fato
que se repetiu, em menor grau,
noutros Estados: Paulino Cícero e
Saulo Coelho, em Minas; João
Faustino, no Rio Grande do Norte; Mendes Thame, em São Paulo.
Nas eleições de 1994, outros ex-arenistas ilustres passaram a personificar o PSDB na Câmara: o ex-governador da Bahia Roberto
Santos (1975-1979) e o ex-senador
por Pernambuco Wilson Campos, entre outros; no Senado, o
partido recebeu o reforço de Geraldo Melo (RN), Lúcio Alcântara
(CE) e Carlos Wilson (PE).
Na última legislatura, outros ex-pedessistas retornaram ao Congresso como social-democratas.
O atual líder do PSDB na Câmara,
Jutahy Junior (BA), não só pertenceu ao PDS durante o regime
militar como votou em Paulo Maluf no Colégio Eleitoral em 1985.
Outro neotucano, o deputado
federal Nelson Marchezan (RS),
foi líder do general João Baptista
Figueiredo na Câmara e comandou a derrubada da emenda das
diretas-já em abril de 1984.
Seu colega Bonifácio de Andrada (MG) integrou as executivas
nacionais da Arena e do PDS. O
ex-pedessista Basílio Villani foi
um dos coordenadores do "Centrão", bloco conservador que
atuou no Congresso constituinte.
João Castelo (MA), que governou o Maranhão no regime militar, hoje é deputado tucano, assim
como o ex-vereador paulistano
Sampaio Dória (SP). O líder interino de FHC no Senado, Romero
Jucá (RR), foi eleito pelo PFL, enquanto o senador Geraldo Mello
(RN), cotado para o cargo, foi vice-governador pelo PDS (1979-1983). Lúdio Coelho (MS) foi eleito prefeito de Campo Grande em
1988 pelo PTB com o apoio da
União Democrática Ruralista.
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