São Paulo, domingo, 06 de maio de 2001

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Políticos conservadores ganham espaço no partido

MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO

Desde sua criação, em 1988, o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) vem adquirindo um perfil cada vez mais conservador. Hoje, 30% de todos os deputados federais tucanos se originaram da Arena e de seus dois principais herdeiros, o PDS e o PFL.
Se nesse cálculo forem incluídos parlamentares de outras legendas consideradas de "direita" (PTB, PL, PRN, PP), a proporção de tucanos conservadores chega a 41%, taxa elevada para um partido que se denomina "social-democrata".
Fundado por políticos originários do PMDB que faziam oposição ao presidente José Sarney (1985-1990), o partido incorporou inicialmente poucos parlamentares do PDS e do PFL devido à resistência de sua ala esquerda.
Eram eles: os deputados Caio Pompeu de Toledo (SP), Jorge Hage (BA), Maria Abadia (DF), Saulo Queiroz (MS) e Jayme Santana (MA), que perfaziam 12,2% da bancada tucana na Câmara, e o senador Afonso Arinos (RJ).
Desde então, a quantidade de parlamentares tucanos oriundos de partidos conservadores vem crescendo a cada pleito. Nas eleições de 1990, a maioria dos integrantes do Movimento de Unidade Progressista, a "esquerda" tucana, não obteve a reeleição.
Esse declínio abriu caminho para a adesão de mais conservadores -como o senador Jutahy Magalhães (BA), ex-arenista.
Na Câmara, a eleição de Ciro Gomes (ex-arenista) ao governo do Ceará foi acompanhada por uma leva de "social-democratas" de origem conservadora (Arena, PDS, PRN, PDC): José Linhares, Ernani Viana, Mauro Sampaio, Jackson Pereira. O mesmo fato que se repetiu, em menor grau, noutros Estados: Paulino Cícero e Saulo Coelho, em Minas; João Faustino, no Rio Grande do Norte; Mendes Thame, em São Paulo.
Nas eleições de 1994, outros ex-arenistas ilustres passaram a personificar o PSDB na Câmara: o ex-governador da Bahia Roberto Santos (1975-1979) e o ex-senador por Pernambuco Wilson Campos, entre outros; no Senado, o partido recebeu o reforço de Geraldo Melo (RN), Lúcio Alcântara (CE) e Carlos Wilson (PE).
Na última legislatura, outros ex-pedessistas retornaram ao Congresso como social-democratas. O atual líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (BA), não só pertenceu ao PDS durante o regime militar como votou em Paulo Maluf no Colégio Eleitoral em 1985.
Outro neotucano, o deputado federal Nelson Marchezan (RS), foi líder do general João Baptista Figueiredo na Câmara e comandou a derrubada da emenda das diretas-já em abril de 1984.
Seu colega Bonifácio de Andrada (MG) integrou as executivas nacionais da Arena e do PDS. O ex-pedessista Basílio Villani foi um dos coordenadores do "Centrão", bloco conservador que atuou no Congresso constituinte.
João Castelo (MA), que governou o Maranhão no regime militar, hoje é deputado tucano, assim como o ex-vereador paulistano Sampaio Dória (SP). O líder interino de FHC no Senado, Romero Jucá (RR), foi eleito pelo PFL, enquanto o senador Geraldo Mello (RN), cotado para o cargo, foi vice-governador pelo PDS (1979-1983). Lúdio Coelho (MS) foi eleito prefeito de Campo Grande em 1988 pelo PTB com o apoio da União Democrática Ruralista.


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