São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE @ - painel@uol.com.br

Rota corrigida

"A Infraero não tem nada a ver com apagão aéreo." É com essa frase, repetida à exaustão, que o ex-presidente da empresa Carlos Wilson (PT-PE) tem procurado governo e oposição na tentativa de sair do foco principal da CPI recém-instalada na Câmara.
O périplo do deputado parece ter surtido algum efeito entre tucanos e ex-pefelistas. Se antes a ordem era escarafunchar contratos da estatal, agora os olhares se voltam para as empresas aéreas. Não é por acaso: os oposicionistas chegaram à conclusão de que o governo pode balançar menos com a Infraero e mais se as negociações do advogado e amigo de Lula Roberto Teixeira, antes pela Transbrasil e agora pela Varig, forem devidamente examinadas nas investigações.

Elementar. De Roberto Jefferson sobre Carlos Wilson, que disse que não será um novo Roberto Jefferson: "É uma ameaça ao governo".

Órbita. Do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) ao saber que o colega de oposição Geraldo Thadeu (PPS-MG) havia apresentado requerimento para convocar o astronauta Marcos Pontes a depor na CPI do Apagão Aéreo: "Ele só pode estar com a cabeça na Lua".

Passatempo. Dona do laptop mais abastecido de informações de todo o governo, Dilma Rousseff surpreendeu um colega que a viu concentrada diante da tela num intervalo de reunião no Planalto. Ele, que imaginava encontrar a ministra da Casa Civil dissecando as medidas do PAC ou monitorando a execução orçamentária, flagrou-a mergulhada no Sudoku.

Onde pega. Embora não vá dizê-lo, o Planalto avalia que a prorrogação da CPMF passará sem maior dificuldade no Congresso, a despeito da grita dos "demos". Já o projeto que limita a correção dos gastos com a folha de pagamento dos servidores à inflação mais 1,5%, um dos pilares do PAC, é motivo de grande preocupação no governo.

Eu quero. Mais de um parlamentar aliado já se ofereceu para relatar o projeto que regulamenta o direito de greve do funcionalismo. Em fase de avaliação jurídica, o texto chegou à mesa do advogado-geral da União, José Toffoli.

Sem pressa. O PR acusa Renan Calheiros (PMDB-AL) de sentar em cima da mensagem de nomeação de Luiz Antonio Pagot para a diretoria-geral do Dnit. O partido acha que o presidente do Senado vai evitar a sabatina do indicado para o cobiçado posto até a conclusão da novela das nomeações de peemedebistas para o segundo escalão.

Particular. A romaria de senadores da oposição ao Planalto é motivada por interesses bastante específicos. Assim como Tasso Jereissati foi a Lula menos na condição de presidente do PSDB e mais para apresentar pleitos do Ceará, a visita de Romeu Tuma (DEM-SP) teve um só propósito: tentar arranjar cargos para seus dois filhos que não se reelegeram deputados.

Reprise. Embora reconheça que Geraldo Alckmin será um osso duro de roer em 2008, o PT acha que tem um discurso para encarar o tucano: martelar, desde o primeiro dia da campanha eleitoral, que ele fará como o correligionário José Serra, deixando a prefeitura para disputar o governo paulista dois anos depois.

Nariz empinado 1. Em conversa com deputados após o evento em que foi anunciada a quebra de patente do Efavirenz, José Temporão reclamou de "arrogância" dos representantes da Merck Sharp & Dohme, fabricante do remédio, durante a negociação.

Nariz empinado 2. O ministro da Saúde afirmou que só conseguiu falar com o presidente mundial do laboratório americano na véspera do anúncio da quebra da patente. A conversa aconteceu apenas depois que o Itamaraty entrou em cena.

Tiroteio

A Anac tem agido com extremo mau gosto. Houve um assassinato, sim, mas a culpa não foi dos controladores de vôo, que são o lado mais fraco de um poderoso jogo de interesses.


De LUCIANA SIQUEIRA , porta-voz da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, sobre o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, que comparou os controladores a Osama Bin Laden.

Contraponto

Apertem os cintos

Na quinta passada, os passageiros de um vôo Brasília-SP da Gol receberam aviso que se tornou rotina em tempos de apagão aéreo: o piloto teria de sobrevoar a região de Congonhas por hora e meia antes de descer. Para atenuar o desconforto, seriam sorteados kits da empresa.
A bordo, Eduardo Suplicy ofereceu um exemplar de seu "Renda de Cidadania" para ser sorteado também. E tentou ensinar à aeromoça o que dizer sobre o livro.
-É melhor o senhor mesmo falar-, sugeriu ela.
Ao que o senador pegou o telefone de comunicação da aeronave e iniciou uma explanação de mais de 20 minutos. Dessa vez, porém, não cantou "Blowin" in the Wind".


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