São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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Por 2010, Lula quer aproximar Ciro do PT

Presidente não vê nome forte no seu partido e avalia que, por ora, ex-ministro é opção mais viável para ser candidato à sucessão

Para Lula, Dilma tem futuro político, ainda mais se o PAC obtiver êxito, e Jaques ainda é um nome que precisa amadurecer até as eleições

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Avaliando que Ciro Gomes (PSB-CE) é hoje o nome mais forte do seu campo político para ser candidato ao Palácio do Planalto em 2010, Lula pediu ao ex-ministro da Integração Nacional e deputado federal que se aproxime do PT. O presidente já comentou com petistas que o partido não deve lutar obrigatoriamente pela cabeça de chapa daqui a quatro anos. Acha que Ciro pode ser a melhor aposta em 2010.
Na avaliação de Lula, o governador de Minas, Aécio Neves, só será candidato a presidente se trocar o PSDB pelo PMDB. O presidente crê que os tucanos darão preferência à candidatura presidencial do governador de São Paulo, José Serra.
Quando fala de presidenciáveis petistas, Lula tende a desconversar. Avalia que o partido não possui nome inquestionável. Na hipótese de não conseguir construir uma candidatura sólida até 2010, Lula avalia que uma aliança com Ciro deve ser cogitada. Essa aliança teria o PMDB e outras legendas que apóiam o segundo mandato.
Reservadamente, Lula diz que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem futuro político. Interlocutores recentes saíram de conversa com Lula com a impressão de que, se o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) obtiver êxito, Dilma pode ser uma candidata do bolso do colete -operação que hoje parece complicada.
O presidente está ciente da dificuldade de o PT abrir mão de uma candidatura a presidente em favor de um aliado. No entanto, acha que isso será possível se até 2010 o partido não construir um nome que tenha destaque nas pesquisas.
Em avaliações reservadas, marqueteiros disseram a Lula que Ciro deverá ter, de partida, cerca de 20% de intenção de voto nas pesquisas. Se o governo estiver bem avaliado e se ele se dispuser a apoiar Ciro, o presidente julga que o ex-ministro seria bem competitivo.
Na disputa pela presidência da Câmara, na qual Arlindo Chinaglia (PT-SP) derrotou Aldo Rebelo (PC do B-SP), a cúpula petista e Ciro se estranharam. Ciro apoiou Aldo e passou a costurar uma candidatura ao Planalto baseada em três siglas: PSB, PDT e PC do B. Ele busca ainda atrair setores do PSDB e até do DEM (ex-PFL).
A Folha apurou que Lula conversou com Ciro e pediu que ele fizesse as pontes com o PT. Lula também pediu ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, que falasse com Ciro.
Para o presidente, Aécio terá dificuldade para viabilizar sua candidatura presidencial no PSDB. Uma eventual filiação de Aécio ao PMDB o colocaria entre possíveis candidatos do campo lulista, mas o presidente sabe que é operação arriscada e difícil para o mineiro.
O peso político e econômico do Estado de São Paulo e o previsível desempenho superior nas pesquisas contam a favor de Serra na disputa contra Aécio, avalia Lula. Por isso, o petista acredita que a ministra do Turismo, Marta Suplicy, tende a seguir o caminho estadual.
O governador Jaques Wagner (PT-BA) é visto no Palácio do Planalto como um nome que terá ainda de amadurecer e ganhar mais musculatura para concorrer à Presidência. Lula tem demonstrado em conversas disposição de ajudá-lo.
Recentemente, o presidente fez um comentário sobre eventual efeito político no Brasil da eleição de Cristina Kirchner para a Presidência da Argentina. Senadora e mulher do atual presidente, Néstor Kirchner, ela é cotada para concorrer à Casa Rosada em 2007 ou 2011.
Nesse contexto, Lula avalia que uma mulher poderá ser candidata. E seus sinais vão na direção de Dilma Rousseff.
Lula afasta a hipótese de tentar mudar a Constituição para concorrer. Eventual candidatura após quatro ou cinco anos não está fora de cogitação.


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