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Por 2010, Lula quer aproximar Ciro do PT
Presidente não vê nome forte no seu partido e avalia que, por ora, ex-ministro é opção mais viável para ser candidato à sucessão
Para Lula, Dilma tem futuro político, ainda mais se o PAC obtiver êxito, e Jaques ainda é um nome que precisa amadurecer até as eleições
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Avaliando que Ciro Gomes
(PSB-CE) é hoje o nome mais
forte do seu campo político para ser candidato ao Palácio do
Planalto em 2010, Lula pediu
ao ex-ministro da Integração
Nacional e deputado federal
que se aproxime do PT. O presidente já comentou com petistas que o partido não deve lutar
obrigatoriamente pela cabeça
de chapa daqui a quatro anos.
Acha que Ciro pode ser a melhor aposta em 2010.
Na avaliação de Lula, o governador de Minas, Aécio Neves,
só será candidato a presidente
se trocar o PSDB pelo PMDB. O
presidente crê que os tucanos
darão preferência à candidatura presidencial do governador
de São Paulo, José Serra.
Quando fala de presidenciáveis petistas, Lula tende a desconversar. Avalia que o partido
não possui nome inquestionável. Na hipótese de não conseguir construir uma candidatura
sólida até 2010, Lula avalia que
uma aliança com Ciro deve ser
cogitada. Essa aliança teria o
PMDB e outras legendas que
apóiam o segundo mandato.
Reservadamente, Lula diz
que a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) tem futuro político.
Interlocutores recentes saíram
de conversa com Lula com a
impressão de que, se o PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento) obtiver êxito,
Dilma pode ser uma candidata
do bolso do colete -operação
que hoje parece complicada.
O presidente está ciente da
dificuldade de o PT abrir mão
de uma candidatura a presidente em favor de um aliado.
No entanto, acha que isso será
possível se até 2010 o partido
não construir um nome que tenha destaque nas pesquisas.
Em avaliações reservadas,
marqueteiros disseram a Lula
que Ciro deverá ter, de partida,
cerca de 20% de intenção de
voto nas pesquisas. Se o governo estiver bem avaliado e se ele
se dispuser a apoiar Ciro, o presidente julga que o ex-ministro
seria bem competitivo.
Na disputa pela presidência
da Câmara, na qual Arlindo
Chinaglia (PT-SP) derrotou Aldo Rebelo (PC do B-SP), a cúpula petista e Ciro se estranharam. Ciro apoiou Aldo e passou
a costurar uma candidatura ao
Planalto baseada em três siglas:
PSB, PDT e PC do B. Ele busca
ainda atrair setores do PSDB e
até do DEM (ex-PFL).
A Folha apurou que Lula
conversou com Ciro e pediu
que ele fizesse as pontes com o
PT. Lula também pediu ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, que falasse com Ciro.
Para o presidente, Aécio terá
dificuldade para viabilizar sua
candidatura presidencial no
PSDB. Uma eventual filiação
de Aécio ao PMDB o colocaria
entre possíveis candidatos do
campo lulista, mas o presidente sabe que é operação arriscada e difícil para o mineiro.
O peso político e econômico
do Estado de São Paulo e o previsível desempenho superior
nas pesquisas contam a favor
de Serra na disputa contra Aécio, avalia Lula. Por isso, o petista acredita que a ministra do
Turismo, Marta Suplicy, tende
a seguir o caminho estadual.
O governador Jaques Wagner (PT-BA) é visto no Palácio
do Planalto como um nome
que terá ainda de amadurecer e
ganhar mais musculatura para
concorrer à Presidência. Lula
tem demonstrado em conversas disposição de ajudá-lo.
Recentemente, o presidente
fez um comentário sobre eventual efeito político no Brasil da
eleição de Cristina Kirchner
para a Presidência da Argentina. Senadora e mulher do atual
presidente, Néstor Kirchner,
ela é cotada para concorrer à
Casa Rosada em 2007 ou 2011.
Nesse contexto, Lula avalia
que uma mulher poderá ser
candidata. E seus sinais vão na
direção de Dilma Rousseff.
Lula afasta a hipótese de tentar mudar a Constituição para
concorrer. Eventual candidatura após quatro ou cinco anos
não está fora de cogitação.
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