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Lula elogia Tuma Jr., acusado de ligação com máfia chinesa
Após encontro com presidente, ministro da Justiça diz que tudo fica como está
Secretário de Justiça avisou o ministério da investigação em São Paulo; PF afirmou que a análise dos discos rígidos só acabou em abril
LulaMarques/Folha Imagem
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Tuma Júnior, secretário nacional de Justiça, flagrado em conversa com acusado de contrabando
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o
secretário nacional de Justiça,
Romeu Tuma Jr., flagrado pela
Polícia Federal em gravações
telefônicas e troca de e-mails
com Li Kwok Kwen, conhecido
como Paulo Li, preso em 2009
sob acusação de contrabando.
No final do mês passado, Romeu Tuma Jr. assumiu o CNCP
(Conselho Nacional de Combate à Pirataria), órgão central do
governo de combate a produtos
contrabandeados.
Reportagem publicada ontem pelo jornal "O Estado de S.
Paulo" considerou Li "chefe da
máfia chinesa".
Nas gravações em poder da
PF, o secretário pede celulares,
trata da compra de videogame e
até de regularização de chineses que viviam clandestinamente em São Paulo, tema tratado por seu departamento no
Ministério da Justiça.
"Primeiro tem de esperar a
investigação. Todo mundo sabe
que o delegado Tuma é muito
experimentado na polícia brasileira, na polícia de São Paulo.
É um homem que tem uma folha de serviços prestada ao
país", disse o presidente.
Apesar da defesa, Lula chamou o ministro da Justiça, Luiz
Paulo Barreto, para uma conversa ontem à noite. Depois do
encontro, o ministério informou que "tudo fica como está"
em relação ao secretário.
As conversas de Tuma Jr. e Li
fazem parte de uma investigação da PF sobre contrabando. O
secretário, contudo, não foi investigado neste inquérito, relatado pela superintendência da
PF de São Paulo em outubro.
A Folha apurou que a Polícia
Federal deve abrir nova investigação sobre a participação do
secretário nacional de Justiça
no caso. As suspeitas sobre ele
são de tráfico de influência no
departamento de imigração e
advocacia administrativa.
A PF afirmou, por meio da
assessoria, que a análise de
computadores apreendidos
terminou só em abril, quase sete meses após a conclusão do
inquérito. Com a análise do
material em andamento, ainda
não era possível determinar a
abertura de nova investigação.
Depoimento
O próprio Tuma Jr. avisou o
ministério sobre a investigação
em São Paulo.
"Fui informado da investigação. Aconselhei que o secretário prestasse depoimento. E a
PF está cumprindo seu dever,
tratando igualmente todo cidadão. Aguardemos a conclusão
dos trabalhos", disse Tarso
Genro, que deixou o Ministério
da Justiça em fevereiro.
Na reportagem do "Estado"
foram transcritas conversas em
que o secretário trata com o
chinês sobre a compra de produtos ("Deixa eu te falar: lá na
Vinte e... lá na Paulista vende
aquele jogo Wii?")
Além disso, há conversas sobre processos relativo à naturalização de estrangeiros ("Ah,
não sei. Era uma permanência.
Já tá publicado já, tá?").
As investigações também flagraram Paulo Li pedindo ao secretário para checar o processo
sobre um chinês. "Deixa eu te
falar: você tinha pedido um negócio pro Luciano de "Uang
Hualin Chen Ian'", afirma Tuma Jr. na interceptação divulgada pelo jornal.
À noite, em um rápido pronunciamento dado à imprensa,
o secretário disse que "não teve
acesso e não conhece a investigação, por isso não iria falar sobre o caso". "Quando tiver mais
detalhes, por dever moral, eu
vou falar com vocês", disse.
Em São Paulo, o procurador
da República responsável pela
investigação, Marcos Gomes
Corrêa, disse que Tuma Jr. não
foi investigado no inquérito
que tratou de formação de quadrilha e descaminho supostamente praticados pelo chinês.
O procurador afirmou que
não denunciou Tuma Jr. em
outubro, quando o inquérito foi
concluído pela Polícia Federal,
porque não foi constatado nenhum ato ilícito nas suas relações com Paulo Li.
"Não vislumbrei que [Tuma
Jr.] tivesse qualquer participação nos descaminhos nem na
quadrilha", afirmou o procurador, à Folha.
Indagado se Tuma Jr. é investigado em outro inquérito,
Corrêa afirmou: "Não que eu
tenha conhecimento, a menos
que outro colega [procurador]
tenha requisitado".
Colaborou a Reportagem Local
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