São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Petista levanta dúvidas sobre a credibilidade da apuração de votos

Lula põe urna eletrônica sob suspeita e ataca uso da Abin

João Wainer/Folha Imagem
Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da senadora Marina Silva, que pode ser sua vice, em Santo André


FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, colocou ontem sob suspeição o uso de urnas eletrônicas nas eleições e disse ser "absurda" a participação da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no processo.
O papel da Abin -órgão da Presidência da República que realiza espionagem, inclusive política- no pleito será indireto. Ele se dará por meio do Cepesc (Centro de Pesquisas em Segurança das Comunicações), ligado à agência.
O Cepesc detém o controle do programa de segurança da urna, que protege os dados dos disquetes contendo o resultado da votação no transporte entre a seção eleitoral e o local de apuração.
Ecoando a preocupação já expressa por outros partidos de oposição, Lula afirmou, durante visita ao distrito de Paranapiacaba, em Santo André (SP): "O meu medo é que a Abin, em vez de fiscalizar as eleições, fique fiscalizando a vida dos candidatos -obviamente não do governo, mas da oposição".
O petista levantou dúvidas sobre a "infalibilidade" do processo eleitoral. "Nada é infalível, só Deus. Vamos pegar o que aconteceu aqui, quantas denúncias já foram feitas de defunto que vota, de cidades que têm mais eleitores do que habitantes."
Para ele, dado esse histórico, "não sabemos se a urna pode ser manipulada ou não". Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral divulgou laudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) dizendo que o sistema eletrônico não permite fraude.

Simon para vice
Lula negou que tenha se reunido com os senadores do PMDB José Sarney (AP) e Pedro Simon (RS), como revelou ontem a Folha. Mas Simon confirmou o encontro. E disse que foi convidado para ser vice do petista. O senador fez a declaração de manhã, antes de saber do desmentido de Lula.
""Sou a favor da coligação com o PT e aceito a minha indicação para ser candidato a vice. Mas isso vai depender do PMDB do Rio Grande do Sul, que tomará a decisão no próximo domingo."
Lideranças do PMDB gaúcho disseram ontem ser contra a aliança. "Simon disse que seguirá a decisão do PMDB gaúcho, e a tendência é a coligação com o PSDB", diz o secretário-geral do PMDB no Sul, Alexandre Postal.
O deputado Germano Rigotto (PMDB-RS), pré-candidato a governador, também é favorável ao entendimento com os tucanos.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência Folha, em Porto Alegre



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