São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano ficou preocupado com declaração de Armínio Fraga

Renegociar dívida interna é "confisco", afirma Serra

RAYMUNDO COSTA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, classificou ontem de "confisco" a proposta de alongamento voluntário da dívida interna. "Não existe alongamento voluntário da dívida."
"Essa coisa de dizer que é voluntário é muito relativa", argumentou. "Se você disser que quem trocar por um papel de curto prazo tem juro negativo e que quem ficar com título de longo prazo tem juro positivo melhor, é óbvio que você está fazendo um confisco. Até porque não é uma coisa que aconteça quando você anuncia."
Na opinião de Serra, os prazos de troca dos títulos estão se encurtando devido à ansiedade do mercado com os índices projetados pelas pesquisas de opinião sobre a eleição presidencial. Depois da eleição, acredita, será natural que "eles [os prazos de troca" se alonguem. Vão alongar, se houver confiança no governo, né?".
Para ele, o problema eleitoral "é o pano de fundo" das turbulências econômicas vividas pelo país nos últimos dias. "Não se justifica introduzir nas análises de risco as pesquisas de opinião. Ainda falta muito para as eleições. Não há motivos para todo esse nervosismo. É um sentimento errado dos investidores. Vamos ter bons resultados nas eleições", afirmou.
Segundo Serra, alongamento de dívida "se faz sempre que as condições de mercado permitem isso". Ele diz que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso já vem fazendo isso.
Para ele, a dívida interna brasileira é "perfeitamente manejável" -basta política monetária e crescimento econômico.
Serra reafirmou que sempre considerou "calote" as propostas de alongamento dos prazos de rolagem da dívida interna. "São propostas erradas, ignorâncias e má interpretação que geram expectativas inteiramente bobas de maneira gratuita."

Tiro no pé
Serra alegou, em entrevista ontem à tarde, que não sabia de uma declaração do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na qual o economista teria admitido a possibilidade de o próximo governo renegociar a dívida interna, que é de cerca de R$ 630 bilhões.
À noite, o BC informou que a declaração atribuída a Armínio não foi dada por ele. Segundo o banco, Armínio só disse que, no próximo governo, será possível retomar a política de alongamento da dívida pública que vinha sendo executada por FHC.
A Folha apurou, no entanto, que FHC e Serra ficaram preocupados com a repercussão das declarações atribuídas Armínio. Segundo eles, admitir renegociação da dívida pública seria um erro político, um autêntico tiro no pé. O governo e a campanha tucana poderiam ser prejudicados.


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