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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Tucano ficou preocupado com declaração de Armínio Fraga
Renegociar dívida interna
é "confisco", afirma Serra
RAYMUNDO COSTA
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, classificou
ontem de "confisco" a proposta
de alongamento voluntário da dívida interna. "Não existe alongamento voluntário da dívida."
"Essa coisa de dizer que é voluntário é muito relativa", argumentou. "Se você disser que quem trocar por um papel de curto prazo
tem juro negativo e que quem ficar com título de longo prazo tem
juro positivo melhor, é óbvio que
você está fazendo um confisco.
Até porque não é uma coisa que
aconteça quando você anuncia."
Na opinião de Serra, os prazos
de troca dos títulos estão se encurtando devido à ansiedade do mercado com os índices projetados
pelas pesquisas de opinião sobre a
eleição presidencial. Depois da
eleição, acredita, será natural que
"eles [os prazos de troca" se alonguem. Vão alongar, se houver
confiança no governo, né?".
Para ele, o problema eleitoral "é
o pano de fundo" das turbulências econômicas vividas pelo país
nos últimos dias. "Não se justifica
introduzir nas análises de risco as
pesquisas de opinião. Ainda falta
muito para as eleições. Não há
motivos para todo esse nervosismo. É um sentimento errado dos
investidores. Vamos ter bons resultados nas eleições", afirmou.
Segundo Serra, alongamento de
dívida "se faz sempre que as condições de mercado permitem isso". Ele diz que o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso já vem fazendo isso.
Para ele, a dívida interna brasileira é "perfeitamente manejável"
-basta política monetária e crescimento econômico.
Serra reafirmou que sempre
considerou "calote" as propostas
de alongamento dos prazos de rolagem da dívida interna. "São
propostas erradas, ignorâncias e
má interpretação que geram expectativas inteiramente bobas de
maneira gratuita."
Tiro no pé
Serra alegou, em entrevista ontem à tarde, que não sabia de uma
declaração do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na
qual o economista teria admitido
a possibilidade de o próximo governo renegociar a dívida interna,
que é de cerca de R$ 630 bilhões.
À noite, o BC informou que a
declaração atribuída a Armínio
não foi dada por ele. Segundo o
banco, Armínio só disse que, no
próximo governo, será possível
retomar a política de alongamento da dívida pública que vinha
sendo executada por FHC.
A Folha apurou, no entanto,
que FHC e Serra ficaram preocupados com a repercussão das declarações atribuídas Armínio. Segundo eles, admitir renegociação
da dívida pública seria um erro
político, um autêntico tiro no pé.
O governo e a campanha tucana
poderiam ser prejudicados.
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