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SERRA
Tucano se diz mais rápido que FHC
"Ele é mais paciente do que eu. Eu gosto de andar mais depressa. Somos diferentes"
JOSÉ SERRA
RENATA LO PRETE
DA REPORTAGEM LOCAL
A mais recente fornada de comerciais da campanha de José
Serra inclui uma peça de rádio em
que o pré-candidato é convidado
a dizer por que não é igual a FHC.
"O sr. é do mesmo partido do
presidente", começa o dublê de
repórter. "Quais são as diferenças
entre vocês dois?" O tucano faz
um preâmbulo: "Primeiro eu vou
falar de uma semelhança: a amizade que um tem pelo outro".
E então responde: "A diferença.
Ele é mais paciente do que eu. Eu
gosto de andar mais depressa. Eu
sou de fato mais esquentado do
que ele. Somos diferentes". A entonação enfatiza a última frase.
Deixando em segundo plano a
observação formal de que o elo de
amizade não indica necessariamente semelhança entre duas
pessoas, vale a pena se concentrar
no trecho principal da resposta.
Ele indica o início de um processo do qual a campanha oficial
não tem como escapar. Trata-se
da marcação de diferenças de perfil entre candidato e presidente.
Colando ou não a campanha à
imagem do governo -Nizan
Guanaes tem repetido que a questão é de dose-, será imprescindível que a propaganda cuide de diferenciar os dois personagens.
Segundo pesquisas qualitativas,
mesmo os que admiram FHC e
tendem a votar no indicado por
ele não gostariam que o próximo
presidente fosse cópia do atual.
O comercial é direto e ousado
como nenhum outro veiculado
até agora. Por oposição, "gosto de
andar mais depressa" sugere, embora implicitamente, que Fernando Henrique é lerdo.
É sintomático que a peça tenha
sido criada para o rádio, meio de
grande alcance mas menos monitorado por adversários e formadores de opinião do que a TV.
No rádio, as campanhas pegam
pesado. Na tela, ao menos por ora,
Serra brinca com o bebê.
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