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Governo FHC já reprovou Barbosa
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo ministro da Integração
Nacional, Luciano Barbosa, 43,
que ontem tomou posse no cargo
em Brasília, foi obrigado a deixar
a equipe do então governador Divaldo Suruagy (PMDB-AL), em
1997, por recomendação do governo federal, responsável por intervenção em Alagoas.
Secretário de Transportes e
coordenador do PDV (Programa
de Demissões Voluntárias) da administração estadual, Barbosa renunciou, para evitar a demissão
preparada pelo coronel da reserva
do Exército Roberto Longo, nomeado "interventor informal" da
União na área econômica do governo alagoano.
O motivo da intervenção foi o
caos administrativo vivido no Estado. A crise financeira deixou os
55 mil servidores com salários
atrasados por sete meses, as escolas e hospitais fechadas e os serviços públicos paralisados por uma
série de greves em Maceió.
Falhas
Depois de Suruagy, que renunciou ao cargo no final de 97, Barbosa era o principal alvo de acusações dos adversários. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) avaliou que houve falhas no programa de demissões.
Pelo menos 1.500 funcionários
públicos que haviam aderido ao
chamado PDV não receberam o
que tinham direito. Resultado: tiveram de ser reintegrados à folha
de pagamento do Estado, considerado falido àquela altura.
"Foi uma tragédia. Quem viveu
não esquece", diz Lenilda Lima,
diretora do sindicato dos servidores da área de educação de Alagoas. "Era tudo feito de forma
muito irresponsável, dentro do
caos do governo Suruagy", afirma.
Arapiraca
A ida de Luciano Barbosa para a
equipe de governo de Fernando
Henrique Cardoso atende à "geopolítica de Arapiraca", como os
petistas de Alagoas batizaram a
operação feita pelo senador Renan Calheiros (PMDB) para levá-lo ao ministério.
Calheiros tenta, com a nomeação, atrair o eleitorado de Arapiraca, segundo maior município
do Estado depois de Maceió. Casado com a prefeita do município,
Célia Rocha (PSDB), o novo ministro exercia a função de secretário de Finanças.
Barbosa, ex-militante do PC do
B em Alagoas, é considerado homem de confiança de Calheiros,
de quem foi auxiliar no Ministério
da Justiça.
É engenheiro, mas especializou-se em finanças públicas. Fez curso
de planejamento financeiro no
FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, e estudou Economia Política na Universidade de Columbia, também nos
Estados Unidos.
A Folha tentou falar com o novo
ministro sobre a sua participação
no governo Suruagy durante a
tarde de ontem. A assessoria de
imprensa do Ministério da Integração Nacional informou que,
por causa da posse, não havia sido
possível obter uma resposta de
Barbosa sobre o assunto.
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