São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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Governo FHC já reprovou Barbosa

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo ministro da Integração Nacional, Luciano Barbosa, 43, que ontem tomou posse no cargo em Brasília, foi obrigado a deixar a equipe do então governador Divaldo Suruagy (PMDB-AL), em 1997, por recomendação do governo federal, responsável por intervenção em Alagoas.
Secretário de Transportes e coordenador do PDV (Programa de Demissões Voluntárias) da administração estadual, Barbosa renunciou, para evitar a demissão preparada pelo coronel da reserva do Exército Roberto Longo, nomeado "interventor informal" da União na área econômica do governo alagoano.
O motivo da intervenção foi o caos administrativo vivido no Estado. A crise financeira deixou os 55 mil servidores com salários atrasados por sete meses, as escolas e hospitais fechadas e os serviços públicos paralisados por uma série de greves em Maceió.

Falhas
Depois de Suruagy, que renunciou ao cargo no final de 97, Barbosa era o principal alvo de acusações dos adversários. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) avaliou que houve falhas no programa de demissões.
Pelo menos 1.500 funcionários públicos que haviam aderido ao chamado PDV não receberam o que tinham direito. Resultado: tiveram de ser reintegrados à folha de pagamento do Estado, considerado falido àquela altura.
"Foi uma tragédia. Quem viveu não esquece", diz Lenilda Lima, diretora do sindicato dos servidores da área de educação de Alagoas. "Era tudo feito de forma muito irresponsável, dentro do caos do governo Suruagy", afirma.

Arapiraca
A ida de Luciano Barbosa para a equipe de governo de Fernando Henrique Cardoso atende à "geopolítica de Arapiraca", como os petistas de Alagoas batizaram a operação feita pelo senador Renan Calheiros (PMDB) para levá-lo ao ministério.
Calheiros tenta, com a nomeação, atrair o eleitorado de Arapiraca, segundo maior município do Estado depois de Maceió. Casado com a prefeita do município, Célia Rocha (PSDB), o novo ministro exercia a função de secretário de Finanças.
Barbosa, ex-militante do PC do B em Alagoas, é considerado homem de confiança de Calheiros, de quem foi auxiliar no Ministério da Justiça.
É engenheiro, mas especializou-se em finanças públicas. Fez curso de planejamento financeiro no FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, e estudou Economia Política na Universidade de Columbia, também nos Estados Unidos.
A Folha tentou falar com o novo ministro sobre a sua participação no governo Suruagy durante a tarde de ontem. A assessoria de imprensa do Ministério da Integração Nacional informou que, por causa da posse, não havia sido possível obter uma resposta de Barbosa sobre o assunto.


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