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TODA MÍDIA
Como dominó
O "New York Times" entrou afinal na cobertura do
escândalo, ontem.
Ecoando notícias e declarações das últimas semanas no
Brasil, o texto de Larry Rohter
dizia no título que "Líder do
Brasil cai na defensiva conforme
escândalo se espalha".
Ele se esforçou em traduzir o
quadro aos americanos:
- O sistema do Brasil é estruturado de um jeito que torna
impossível para um partido obter maioria no Congresso. O PT
de Mr. da Silva, como seus predecessores, foi obrigado a formar coalizões com partidos menores cujas ideologias são flexíveis e cujos interesses maiores
são clientelismo e outras pilhagens. Um deles é o PTB.
E tome ataque ao petebista
Roberto Jefferson, "a quem o
noticiário e os líderes de oposição acusam de ser o principal
organizador e beneficiário de esquema de corrupção".
Não que ele resuma tudo. Citando Alagoas, Rondônia etc., o
"NYT" recorreu a uma frase de
Ricardo Kotscho, ex-assessor de
imprensa Lula, num texto para o
site Nomínimo:
- Há uma atmosfera de deterioração moral, falta de esperança, indignação, de cada um por
si, tudo ao mesmo tempo.
Rohter não está sozinho ao
pintar tal quadro.
A correspondente do "Clarín",
Eleonora Gosman, descreve um
governo "salpicado por denúncias de corrupção", desde que
tudo começou há dez dias com
Jefferson, que "conseguiu pôr
um "amigo" nos Correios":
- Os casos caem sobre o governo como fichas de dominó.
E o editor para a América Latina do "Financial Times", Richard Lapper, dizia dos esforços
de Mr. Lula da Silva para conter
a CPI sobre "acusações de corrupção nos Correios, envolvendo um aliado-chave":
- Enquanto isso, Brasília
hospeda o fórum global sobre
corrupção a partir de terça.
Quanto à Globo, sexta e sábado o "JN" destacou as "novas
denúncias" contra Jefferson,
uma do site da revista "Veja",
outra da revista "Época".
E no domingo a manchete do
jornal "O Globo" dizia:
- Aliados de Jefferson comandam verbas de R$ 4 bi.
A PRÓPRIA CARNE
A operação federal, com Marina Silva à frente, ecoou
pelo mundo como esperado. Do "Guardian", sob o título
"Dezenas são presos por destruição da Amazônia":
- Brasil montou maior ataque ao crime ambiental.
Não faltou nem Larry Rohter, em registro no "NYT".
Mas ontem, depois que o "JN" abordou a participação
do petista Hugo Werle no esquema, a ministra do Meio
Ambiente soltou o verbo, na manchete da Globo News:
- Mesmo tendo gente com envolvimento partidário,
foram investigadas e foram demitidas. É o que o gestor
público faz. A minha responsabilidade era de extirpar o
tumor. Em quem quer que seja. As responsabilidades de
punir ficam [agora] a cargo do PT de Mato Grosso.
À Folha Online, disse não temer "cortar na carne".
"Proteção"
O "Miami Herald" dedicou a
manchete, uma longa entrevista
com a secretária Condoleezza
Rice, diversas reportagens, um
editorial e duas colunas à defesa,
ontem, da transformação da
OEA (Organização dos Estados
Americanos) num instrumento
"para a proteção de democracias
vulneráveis" nas Américas.
Vale dizer, "intervenção".
"Oposição"
Já "Los Angeles Times" e "FT"
sublinharam a "oposição" dos
países latino-americanos à idéia,
a começar do Brasil.
E Band News e Globo News
deram ontem, com enviados à
Flórida, a chegada do chanceler
brasileiro Celso Amorim para a
assembléia da OEA.
nelsondesa@folhasp.com.br
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