São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Filho de irmão de Lula e advogado se contradizem

Cada um apresentou uma origem diferente para o telefonema que envolveria Vavá na operação da PF; advogado mudou versão

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Benedicto de Tolosa Filho, advogado de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que a operação Xeque-Mate atingiu seu cliente apenas porque Dario Morelli Filho havia telefonado para saber da sua saúde. Mais tarde, ele disse que o telefonema havia sido dado por Nilton Cezar Servo.
Edson Inácio Marin da Silva, filho de Vavá, afirmou que seu pai vai se submeter a uma operação na bacia, além de ter problemas de circulação sangüínea. Edson também declarou que a conversa telefônica fora entre seu pai e Nilton Cezar Servo, candidato derrotado a deputado federal pelo PSB de Mato Grosso do Sul em 2006 e investigado pela polícia.
No começo do dia, o advogado de Vavá afirmou que a PF não grampeou o telefone da casa de seu cliente e disse que Dario Morelli Filho, preso e indiciado por corrupção ativa e formação de quadrilha, segundo a polícia, é um antigo amigo da família. Morelli teria ligado ao irmão de Lula para saber como estava a sua saúde.
Tolosa disse durante a tarde que não falaria nada sobre Servo, por não saber nada sobre ele. Mas no final do dia, o advogado admitiu que quem fizera a ligação fora Servo, também para saber sobre a saúde de Vavá.
Nesse momento, argumentou que seu cliente fora indiciado por uma questão de igualdade. Disse que só havia uma ligação de Servo a Vavá e que a polícia não poderia deixar de investigar o irmão do presidente, mesmo sabendo do conteúdo da conversa, porque passaria a impressão de que não havia dado o mesmo tratamento a todas as pessoas que trocaram telefonemas com os acusados.
Questionado sobre por que a Justiça concederia um mandato de busca e apreensão por causa de um grampo com conteúdo trivial, o advogado retomou o argumento da igualdade.
Tolosa também negou que Vavá tenha recebido dinheiro da quadrilha, afirmou que ele nunca foi ao Mato Grosso do Sul e que vive apenas com a pensão de aposentado pelo serviço público de São Bernardo.

Documentos
Os documentos apreendidos na casa de Vavá seriam currículos de pessoas que pedem emprego ao irmão de Lula. Tolosa afirma que Vavá tem "bom coração", mas que não pede ocupação aos amigos no governo.
No final da noite de ontem, Tolosa disse que Vavá entrou na Operação Xeque-Mate por causa de um grampo.
Edson afirma que seriam dois: Vavá teria retornado a ligação. Ambos dizem que os fatos vão mostrar a inocência do irmão de Lula, a exemplo do que teria ocorrido em 2005.
Naquele ano, a revista "Veja" afirmou que Vavá intermediava encontro entre empresários e membros do governo. Inclusive, teria montado um escritório para isso em São Bernardo.
O advogado nega. Diz que o espaço era uma agência de turismo de um amigo de Vavá, que teria "emprestado o nome" para a aquisição de linhas telefônicas. À revista, Vavá confirmara os encontros. Ontem, ele não quis falar com a mídia. O escritório, segundo o advogado, já está fechado e o caso, arquivado por falta de provas em 2006.


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