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CPI dos Cartões termina sem dossiê e sem indiciamentos
Relatório final aponta "erros graves" dos ministros de FHC e "equívocos" dos de Lula
Aprovado por 14 votos a 7, o relatório da CPI expressa o acordo entre a base aliada e a oposição para poupar Lula e FHC de constrangimentos
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por 14 votos a 7, o relatório final da CPI dos Cartões Corporativos, feito pelo deputado
Luiz Sérgio (PT-RJ), foi aprovado ontem sem pedir indiciamentos, sem citar o episódio do
dossiê dos gastos tucanos feito
dentro da Casa Civil e apontando apenas "equívocos" dos ministros do presidente Lula. Em
relação aos ministros do governo passado, o relatório diz que
eles cometeram "erros graves"
no uso do dinheiro público.
Após quase três meses de trabalho, o relator concluiu que o
uso do cartão para pagar despesas pessoais não pode ser considerado crime, o que justificou
sua decisão de não pedir o indiciamento nem mesmo dos cinco ministros de FHC.
Em 87 dias, a CPI pouco investigou. Foram rejeitados 39
requerimentos de convocação
e pedidos de informações sigilosas, e aprovados 51 requerimentos de pedidos de informações que já eram públicas. Em maioria, a base aliada impediu a
aprovação de requerimentos
que pudessem revelar informações sigilosas do Planalto.
O resultado da CPI é fruto de
um acordo firmado entre governo e oposição, em especial
os tucanos, para poupar os governos Lula e Fernando Henrique de constrangimentos. Em
troca de a base não convocar
nenhum ex-ministro de FHC, a
oposição enterrou a idéia de
criar uma CPI no Senado. O roteiro, traçado logo no início dos
trabalhos, foi cumprido com a
apresentação do relatório final.
A oposição apresentou um
voto separado, sugerindo o indiciamento ao Ministério Público de 34 pessoas, entre elas a
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil), sua secretária-executiva,
Erenice Guerra, a chefe-de-gabinete dela, Maria De La Soledad Castrillo, e do ex-secretário
de Controle Interno José Aparecido Nunes Pires -envolvidos na produção do dossiê.
Isso não chegou a ser votado
porque o relatório de Luiz Sérgio tinha prioridade e foi aprovado. O texto aponta que cinco
ministros tucanos cometeram
"erros graves" ao usar contas tipo B: Paulo Renato (Educação),
Martus Tavares (Planejamento), Pimenta da Veiga (Comunicações), Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) e Francisco Weffort (Cultura).
A base aliada aplaudiu a votação. Os governistas consideraram o resultado "pedagógico":
"Fica uma grande mensagem
para a oposição, que vai pensar
duas vezes a partir de agora",
disse o deputado Silvio Costa
(PMN-PE). "Foi um jogo de
"cartões" marcados", disse Chico Alencar (PSOL-RJ).
NA INTERNET
www.folha.com.br/081573
principais trechos do relatório
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