São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Após "quase beijo", Serra e Aécio negam chapa

Apesar de descartarem composição puro-sangue, governadores tucanos afirmam que estarão juntos na eleição de 2010

Paulista disse que o mineiro "tem sabido governar bem'; Aécio retribuiu chamando o colega de "companheiro" e de "grande governador"


Wellington Pedro/Imprensa MG
Os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) se cumprimentam em evento em Belo Horizonte sobre arrecadação tributária

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Em encontro em Belo Horizonte ontem, os governadores tucanos José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais) trocaram elogios, brincaram entre si e, apesar de descartarem a formação de uma chapa puro-sangue em 2010, garantiram que estarão do mesmo lado do tabuleiro político na eleição.
Foi o primeiro encontro entre eles desde que a Folha noticiou, em 18 de maio, a existência de um acordo informal entre os dois para fechar uma chapa puro-sangue em 2010. Desde então, eles sempre negaram publicamente o acordo. Nas pesquisas, Serra aparece à frente de Aécio, que defende prévias no PSDB. "Só não vou dar um beijo no rosto do Aécio porque não dá para documentar essas coisas", brincou Serra ao abraçar o colega. Aécio emendou: "Isso [o beijo] não vai te ajudar nas pesquisas".
Aécio recebeu Serra no Palácio da Liberdade para a assinar um termo de cooperação relativo à arrecadação tributária de mais de 700 produtos, com o objetivo de eliminar parte da fronteira fiscal entre os dois Estados e inibir a sonegação. Segundo Serra, Aécio "tem sabido não apenas governar bem, mas juntar gente boa, o que é muito difícil de fazer".
Aécio retribuiu chamando Serra de "grande governador e homem público, respeitado em todo o Brasil" e disse que o paulista "tem muitos bons exemplos que vêm nos inspirando". Em telefonema para o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), com Serra ao lado, ele brincou: "Estou tratando o Serra bem para depois ele não reclamar". Os tucanos disseram que serão aliados em 2010, apesar de negarem que um será vice do outro.
"Claro que nós vamos estar juntos", disse José Serra, que voltou a dizer que Aécio e ele "nunca conversaram sobre essa hipótese [de o mineiro ser seu vice]". Usando o jargão das corridas de cavalo, Aécio disse que a unidade entre ele e Serra em 2010 é "pule de dez".
O lançamento de uma chapa puro-sangue levou a discórdia aos partidos da oposição. Em seminário em Foz do Iguaçu, o presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que a "chapa tem de ser PSDB-DEM".
"Quando o Aécio diz que não tem chapa puro sangue, acredito nele", disse Maia, contrariando Sérgio Guerra. Já o presidente do PPS, Roberto Freire, diz que o "o ideal é que Aécio ocupe a vaga de vice". Atendendo aos apelos do PSDB para que intensifique a agenda pelo país, Serra participou ontem, pela primeira vez, de um seminário do partido ao lado de Aécio. Como Serra resistia à ideia de viajar durante a semana, a agenda foi programada para o fim da sexta. Todos os seminários vão explorar pontos fracos do governo Lula.
Serra e Aécio voltaram juntos para São Paulo. Mas, apesar da troca de amabilidades, há quem diga que Serra está contrariado com Aécio, pois teme que o cenário de disputa interna se torne irreversível.

Colaborou CATIA SEABRA, enviada especial a Foz do Iguaçu.



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