São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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PAINEL

Em causa própria

Não passa de articulação do PSDB a propalada reforma ministerial do segundo semestre. PFL e PMDB apenas observam. FHC tem conhecimento das conversas, estimula os tucanos, mas ainda não bateu o martelo.

Perdendo força

Clóvis Carvalho (Casa Civil) ficará no Planalto, mas não necessariamente na Casa Civil. De qualquer forma, deverá perder poder. As secretarias de Estado, chamadas de "governo paralelo do Clóvis", devem ser extintas ou incorporadas aos ministérios.

Carimbo tucano

O objetivo do PSDB é dar visibilidade ao Ministério do Desenvolvimento, o que a maioria do partido acredita não ser possível com Lafer. Nomes articulados: Pimenta da Veiga (Comunicações) e David Zylbersztajn (Agência Nacional de Petróleo).

Solidão palaciana

Difícil a vida de Eduardo Graeff (Secretaria Geral), que trata do varejo no Planalto. ACM não atende seus telefonemas, Jader Barbalho não o leva a sério, e agora Michel Temer e Geddel Vieira Lima (PMDB) também não falam mais com ele.

Decolagem tranquila

Com Pimenta e Graeff sem diálogo com PMDB e PFL, é boa a cotação de Euclides Scalco para coordenar a política no Planalto. Tem bom trânsito naqueles partidos e faz a interface FHC-Covas. Se não tiver de ficar subordinado a Clóvis Carvalho, o paranaense é uma opção concreta.

Território imperial

Problema da reforma ministerial articulada pelo PSDB: sem poder subtrair cargos da cota do PFL e do PMDB, os tucanos querem avançar, sem cerimônias, sobre o espaço de FHC.

Antiga apetência

A perda de deputados do PPB aguçou o apetite dos outros aliados de FHC pelos ministérios da sigla. De olho na Agricultura, caciques do PMDB não se cansam de dizer que é um exagero a sigla de Paulo Maluf ter duas pastas.

Quanta ingratidão!

O GTE (Grupo de Transporte Especial da Aeronáutica) fez aniversário na sexta: 58 anos. Mas nenhum ministro, nem os usuários da festiva rota Brasília-Fernando de Noronha, lembrou-se de mandar um telegrama.

Tempo real

A última edição do "Jornal" do Senado é de fevereiro do ano passado, e o seu "Diário" não é atualizado desde 31 de maio.

Abertura maior

Relator do projeto que permite a participação de capital estrangeiro nas empresas de comunicação social, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) vai abandonar o limite de 30%, previsto na proposta original. Exigirá, porém, que o capital nacional seja majoritário.

Na boca do forno

De Henrique Alves, sobre o fato de ter desconsiderado o limite de 30% para capital estrangeiro nas empresas de comunicação: ""Não importa o número, mas que o capital venha para o país de forma saudável". O projeto deve ser apresentado na quinta.

Tocaia baiana

ACM suspeita do dedo de Jorge Bornhausen (PFL) no lançamento "espontâneo" da candidatura do vice Marco Maciel para 2002, numa festa político-empresarial em Santa Catarina.

Enrolando lero

Mendonção enviou telegrama ao TCU, explicando o trecho do grampo do BNDES no qual afirma que "aquilo lá é uma mutreta". Diz que não se refere ao tribunal, mas a um fato concreto (o que não fica claro no diálogo).

A mordida do leão

A Receita Federal decidiu acionar judicialmente os advogados do Banco Vetor por ameaças a seus auditores. O Vetor era um dos tamboretes do escândalo da emissão irregular de títulos para pagamento de precatórios.

Olha onde pisa

Piada que corre no PFL, sobre o lançamento pelo ex-prefeito Paulo Maluf da candidatura de Delfim Netto para a Prefeitura de São Paulo no ano que vem: ""Não tem o menor futuro. Ele não é bobo. Entende de finanças públicas e sabe em que estado Maluf deixou os cofres públicos".

TIROTEIO

Do deputado estadual paulista Rafael Silva (PDT), que é deficiente visual, sobre a defesa que o governador Covas tem feito de FHC no caso dos grampos da privatização da Telebrás:
- Afinal de contas, o cego aqui sou eu ou é o PSDB?

CONTRAPONTO
Velho conto do vigário

Ricardo Izar (PMDB), hoje deputado federal, integrava em 85 a bancada malufista na Assembléia paulista. Como outros do grupo, participou da campanha eleitoral de Jânio Quadros à Prefeitura de São Paulo.
Durante os eventos de rua, Izar notou que Jânio insinuava futuras nomeações a uma quantidade bem maior de pessoas do que a que a administração municipal poderia acomodar.
Mesmo assim, pediu ao candidato que, se eleito, nomeasse um indicado seu para a Administração Regional da Vila Mariana.
Jânio venceu a eleição, tomou posse e cumpriu a promessa. Dez dias depois, porém, o afilhado político do deputado estava na rua.
Ricardo Izar, boquiaberto, procurou o prefeito para saber o que motivara a gesto inesperado. Jânio não se apertou. Virou-se para Izar e explicou, candidamente:
- Eu prometi nomeá-lo. Não que não o demitiria.


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