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Empreiteiras deram R$ 7,38 mi ao PFL-TO
LUCAS FIGUEIREDO
enviado especial a Palmas (TO)
Desde que foi criado, há 11 anos,
o Estado do Tocantins transformou-se em um canteiro de obras
no centro do país. Sua capital, Palmas, é a cidade que mais cresce no
Brasil. Da fartura de obras públicas
resulta uma parceria entre o poder
político local e as empreiteiras.
O melhor exemplo dessa parceria pôde ser visto nas últimas eleições. As empreiteiras foram responsáveis por 99,85% das doações
de campanha recebidas pelo PFL,
partido que domina o governo estadual e a Assembléia Legislativa e
tem maioria nas bancadas do Senado e da Câmara dos Deputados.
Seis empreiteiras (Andrade Gutierrez, Odebrecht, CBPO, CCM,
Conterpav e Umuarama Construção, Terraplanagem e Pavimentação) doaram R$ 7,38 milhões ao
PFL, cujo lema nas eleições de 98
era "garantia de progresso". Só R$
10,5 mil vieram de outras fontes.
Do total doado pelas empreiteiras ao PFL, R$ 2,32 milhões foram
para a campanha de reeleição do
governador Siqueira Campos. Outro R$ 1,21 milhão foi destinado
aos gastos eleitorais da bem-sucedida campanha ao Senado do ex-prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira, filho do governador.
O caso mais flagrante da parceria
entre empreiteiras e o PFL de Tocantins acontece com a Andrade
Gutierrez e a Odebrecht. As duas
empresas juntas doaram R$ 5,84
milhões ao partido, o equivalente a
79% das doações ao PFL em 98. As
maiores obras do Estados são tocadas justamente pela Andrade Gutierrez e pela Odebrecht.
As duas empreiteiras formam
um consórcio para construir a hidrelétrica do Lajeado, há 54 km de
Palmas. Receberão cerca de R$ 500
milhões pela obra, cujo volume de
concreto daria para construir dez
estádios iguais ao Maracanã.
Em tese, a hidrelétrica é privada.
Mas o Estado acaba entrando com
recursos e com a articulação política para que a obra saia do papel. "É
um empreendimento inteiramente privado, mas o Estado participa
como parceiro", define o governador Siqueira Campos, no seu terceiro mandato em Tocantins.
A hidrétrica está sendo construída pelo consórcio Investco. Entre
os sócios está a Celtins (Centrais
Elétricas do Tocantins), cujo capital está nas mãos da iniciativa privada (51%) e do Estado (49%).
"A Celtins participa (do consórcio), portanto o governo do Estado
também participa (na obra da hidrelétrica)", diz o governador.
A hidrelétrica -batizada com o
nome de Luís Eduardo Magalhães,
um dos caciques do PFL, morto no
ano passado- teve em Siqueira
Campos um dos seus maiores incentivadores em gabinetes de Brasília. "Ele é um facilitador, um
construtor de caminhos", define o
vice-presidente-executivo da Investco, João Carlos Rela.
Aeroporto e universidade
As duas empreiteiras também ficaram com dois dos melhores filões de obras no Estado.
A construção do Aeroporto Internacional de Tocantins será iniciada ainda neste mês. O governo
federal deve investir, em 99, R$ 27
milhões na obra, que é considerada pela administração do PFL
"mais uma conquista do governador Siqueira Campos". O custo total é de R$ 60 milhões.
Nos últimos dois meses, Siqueira
Campos se reuniu com diretores
da Infraero (estatal que administra
aeroportos), com o ministro da
Aeronáutica, Walter Brauer, e com
o presidente Fernando Henrique
Cardoso para garantir os recursos.
O governo do Estado ficou com a
responsabilidade de fazer a infra-estrutura de acesso ao aeroporto.
A empreiteira encarregada é a
Odebrecht.
A Unitins (Universidade do Tocantins) está sendo construída pela Andrade Gutierrez com verbas
do Ministério da Educação e do governo do Estado.
São 16 prédios de salas de aula e
laboratórios, auditório, reitoria,
prefeitura, oficinas, horto, área de
piscicultura, ginásio, quadras, piscina, campo de futebol com pista
de atletismo e arquibancada.
A dívida de Tocantins atinge hoje
US$ 300 milhões. As obras chegaram até o local de trabalho do governador, que atende em gabinete
provisório enquanto não termina a
reforma do Palácio do Governo,
prédio maior que o Palácio do Planalto, onde trabalha FHC.
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