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CRISE CAPIXABA
Marco Aurélio cita cooperação União-Estado
Presidente interino sugere acordo para evitar uma intervenção no ES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES
O presidente interino da República, Marco Aurélio de Mello,
disse ontem que pode haver cooperação entre a União e o Estado
do Espírito Santo para tentar evitar uma intervenção federal.
Como presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco
Aurélio receberá o pedido de intervenção das mãos do procurador-geral da República, Geraldo
Brindeiro, e será o relator do processo, a ser julgado pelo plenário
do tribunal.
Ele reafirmou ontem que a intervenção é um ato excepcionalíssimo. Antes de levar o assunto ao
plenário, ele poderá buscar um
acordo pelo qual o Estado aceite
uma cooperação direta do governo federal no combate ao crime
organizado.
Marco Aurélio disse acreditar
que uma "intervenção branca",
como a ocorrida em Alagoas, em
1997, não serve como alternativa.
O Estado de Alagoas sofreu intervenção informal do governo
federal porque o então governador, Divaldo Suruagy, se recusava
a aumentar impostos dos usineiros -condição para receber repasse de verbas da União.
O vice-governador assumiu,
após pedido de afastamento de
Suruagy, sem poderes para nomear o secretariado. O titular da
Fazenda foi escolhido pelo governo federal.
O pedido de intervenção federal
no Espírito Santo, feito pela OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil), foi aprovado anteontem pelo
Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana, ligado ao Ministério da Justiça, com base em
denúncia de que o governo estadual estaria sendo omisso para
impedir a ação do crime organizado e de grupos de extermínio
no Estado.
O caso foi remetido a Brindeiro,
que deverá dar prosseguimento
ao processo no início de agosto,
após o fim do recesso do Judiciário, enviando a documentação ao
STF, que vai decidir se haverá ou
não a intervenção.
O pouco espaço de tempo
-três meses- até as eleições não
vai interferir no julgamento da intervenção, segundo Marco Aurélio. O processo eleitoral no Estado, afirmou ele, também não deve
ser prejudicado pela tramitação
do pedido.
FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso não quis, ontem, assumir qualquer posição a respeito
da possibilidade de intervenção
federal no Espírito Santo.
"Eu nem sequer li o processo
ainda", afirmou o presidente ao
sair da residência oficial do governo argentino, a Quinta de Olivos,
depois de participar da cúpula do
Mercosul.
FHC explicou que foi o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana quem encaminhou
pedido ao Supremo Tribunal Federal. "Eu não sei nem se é por aí o
caminho, mas, de qualquer forma, não é atribuição do Ministério da Justiça fazer a intervenção",
afirmou o presidente.
A intervenção cabe ou ao próprio presidente ou ao Supremo.
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