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ELEIÇÕES 2006 / CONGRESSO
Doze mensaleiros vão tentar a reeleição
Deputados adotam discurso de "injustiçados" e, os que podem, lembram que foram absolvidos no plenário da Câmara
Dos 19 deputados acusados
de receber o mensalão, há 3 inelegíveis pela cassação, 1 está preso desde maio e 3 decidiram não se candidatar
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise do mensalão tirou da
disputa eleitoral de outubro
quatro parlamentares que teriam o direito de tentar novo
mandato. Outros três, cassados, não podem se candidatar
até 2015. Mas 12 dos 19 citados
em denúncias decidiram enfrentar as urnas e pediram o registro de suas candidaturas.
Os 12 mensaleiros que tentarão a reeleição negam temer o
desgaste causado pela crise.
Adotam o discurso de "injustiçados" e, os que podem, usam a
absolvição no plenário da Câmara como tentativa de se desvencilhar do escândalo.
"Isso [a crise] já está superado. Sou deputado há 20 anos,
minha base me conhece bem,
sabe da seriedade com que trato as coisas e sabe que fui vítima
de um processo político", disse
Romeu Queiroz (PTB-MG).
O deputado José Mentor
(PT-SP) também nega dificuldades pela vinculação às denúncias. "Vou apresentar aquilo que fiz ao longo do meu mandato", disse. Assim como Queiroz, Mentor foi absolvido pela
Câmara. Nos bastidores, porém, a maioria dos envolvidos
no escândalo reconhece que as
eleições serão uma espécie de
"julgamento derradeiro".
O deputado José Borba
(PMDB-PR) vive a situação
mais delicada. Ontem, apresentou pedido de registro de candidatura na Justiça Eleitoral do
Paraná, com parecer favorável
do presidente em exercício do
PMDB nacional, Wilson Santiago (PB). O diretório estadual
tinha fechado a lista de candidatos sem o nome de Borba.
Ontem, o diretório recorreu à
Justiça. Não havia decisão até o
fechamento desta edição.
Acusado de receber R$ 400
mil do empresário Marcos Valério, o ex-deputado Carlos Rodrigues (sem partido-RJ) renunciou para escapar da cassação, mas está fora da disputa.
Afastado da Igreja Universal do
Reino de Deus, foi preso em
maio, suspeito de envolvimento na máfia dos sanguessugas,
que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras.
Embora absolvido pelo plenário da Câmara, o deputado
Wanderval Santos (PL-SP) não
tentará a reeleição. Acusado de
ter "terceirizado" o mandato
para a Igreja Universal e de ter
enviado um assessor para sacar
R$ 150 mil das contas de Valério, acabou afastado da Universal, sua base política.
O pefelista Roberto Brant
(MG) não tentará novo mandato porque, segundo assessores,
ficou "desiludido" e ainda se
sente "injustiçado". Assim como Santos, Brant foi absolvido
pelo plenário da Câmara.
Único dos mensaleiros que
ainda não foi julgado pela Casa,
o ex-líder do PP na Câmara José Janene (PR) nega que a crise
o tenha feito deixar a política.
"Fiz uma opção entre a vida pública e a vida", alega, referindo-se a problemas de saúde. Janene, que sofre de uma cardiopatia grave, é acusado de ter recebido R$ 4,1 milhões de Valério.
José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Pedro
Corrêa (PP-PE), cassados, não
podem disputar a eleição.
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