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Senador aposta em absolvição no plenário
Ciente de que chance de escapar de cassação no conselho é remota, expectativa de Renan é reconstruir base aliada no Senado
Aliados afirmam acreditar que peemedebista poderia ser poupado em possível votação caso se licenciasse da presidência do Senado
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Ao chegar ao Senado, Renan mostra dossiê de defesa elaborado por advogado e entregue há 15 dias aos integrantes do conselho
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
considera remotas suas chances de escapar de um pedido de
cassação de mandato no Conselho de Ética e já trabalha para
tentar ser absolvido no plenário da Casa. Embora Renan não
admita por enquanto a hipótese, seus aliados crêem que ele
poderia ser poupado caso deixasse a presidência.
A avaliação do senador é que
a maioria do Conselho de Ética
está disposta a sugerir a perda
de seu mandato e ele não teria
muita margem de manobra para reverter esse quadro. Apesar
de a votação no órgão ser secreta no caso de recomendação de
cassação, é mais difícil haver
traições, já que o número de senadores é pequeno, sendo mais
fácil identificá-las.
"Nunca exigi a presunção da
inocência, fiz provas contrárias. Essas provas vão aparecer,
ou no Conselho de Ética ou no
plenário do Senado Federal, e
demonstrarão sobejamente
minha inocência", afirmou Renan ontem.
O presidente do Senado acredita que consegue reconstruir
parte de sua base de sustentação na Casa até uma eventual
votação em plenário. Ele perdeu apoio ao tentar atropelar os
trabalhos do Conselho de Ética.
A avaliação de líderes partidários foi que a tentativa de melar
o processo iria desmoralizar a
instituição.
Desde o início da crise, no final de maio, esta foi a semana
em que Renan sofreu maiores
derrotas políticas. Além de enfrentar em plenário um bombardeio de pedidos para que se
afastasse do cargo, a Mesa Diretora do Senado não acatou manobra feita por ele para tentar
enterrar o processo que enfrenta por indícios de quebra
do decoro parlamentar.
Segundo relato de um aliado,
Renan disse anteontem que está levando "flechada de todo lado". Com um calhamaço de notas fiscais e extratos em punho,
Renan voltou a se queixar ontem de descrédito de sua defesa. "Minha defesa está aqui,
nisso que foi ignorado", disse,
exibindo os papéis.
Ele não respondeu, entretanto, se atenderá o pedido dos relatores do conselho para que
apresente novos documentos
referentes às suas transações
agropecuárias. Limitou-se a repetir: "Eu inverti o ônus da prova, em algum momento isso tudo aparecerá. Eu nunca, absolutamente nunca, pedi o direito
da presunção da inocência. Eu
estou com a razão".
O calhamaço exibido pelo
alagoano, intitulado "Defesa de
Renan Calheiros", foi elaborado por seu advogado, Eduardo
Ferrão, e entregue há 15 dias
aos integrantes do conselho.
No caso de o conselho aprovar um pedido de cassação contra o presidente do Senado, ele
ainda tem chance de derrubá-lo na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), antes do caso
ir a plenário. O presidente da
comissão é o senador Antonio
Carlos Magalhães (DEM-BA),
aliado de Renan, que no momento está licenciado por problemas de saúde.
Renan resiste em deixar o
cargo e cita como exemplo o caso de Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou ao mandato em 2001, acusado de desviar
verba do Banpará. Para Renan,
Jader foi liquidado quando deixou a presidência do Senado.
Ele também alega, em conversas reservadas, que na presidência tem mais força para tentar controlar o processo. Seus
principais conselheiros têm sido Jader e o senador José Sarney (PMDB-AP).
(FERNANDA KRAKOVICS, SILVIO NAVARRO E FERNANDO RODRIGUES)
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