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Segurança de Sarney cuida de grampo no MA
Roseana nomeia como secretário-adjunto de Inteligência acusado em inquérito da PF de vazar informações sigilosas à família Sarney
Aluísio Guimarães Mendes Filho vai comandar o sistema Guardião, capaz de captar ao mesmo tempo conversas de 300 celulares e 48 linhas fixas
Roberto Stuckert Filho - 30.jun.09/Ag. O Globo
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O agente da PF Aluísio Guimarães Mendes Filho (à direita) faz a segurança do presidente do Senado, José Sarney, em Brasília
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusado em inquérito da Polícia Federal de vazar informações sigilosas à família Sarney,
o segurança do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), passou a chefiar a área responsável pelo sistema de grampos da Secretaria da Segurança
Pública do Maranhão.
Agente da PF, Aluísio Guimarães Mendes Filho é desde
abril o secretário-adjunto de
Inteligência. Foi alçado ao posto pela governadora Roseana
Sarney (PMDB).
Embora ocupe o cargo de secretário-adjunto, Aluísio continua na função de segurança do
senador. Na semana passada,
viajou a Brasília para acompanhar Sarney no Senado.
Conforme a PF, o governo do
Maranhão pediu ao Ministério
da Justiça que o agente seja cedido ao Estado, mas ainda não
há decisão sobre a solicitação.
A pasta que Aluísio assumiu
comanda o sistema Guardião,
capaz de grampear simultaneamente conversas telefônicas de
300 celulares e 48 telefones fixos. Avaliado em R$ 1 milhão, o
sistema foi doado pelo Ministério da Justiça em 2007 -é o
mesmo usado pela PF.
Usado na investigação de crimes, o programa de computador foi concebido para deixar
arquivados os dados de todas as
escutas telefônicas que realizou. Por isso pode sofrer auditorias a pedido de advogados.
Apesar dessa segurança, em
março passado, um ex-funcionário da Secretária da Segurança Pública do Rio Grande do Sul
afirmou que o Guardião foi utilizado em grampo ilegal.
Em texto que assinou na Folha em junho de 2008, com título "O perigo telefone", Sarney tratou do tema das escutas
e disse que "nos Estados a coisa
é mais primária". "Várias unidades da Federação criaram
Abins [agências de inteligência], inclusive o Maranhão, todas têm o famoso Guardião."
No ano passado, a PF flagrou
Aluísio passando à família Sarney informações sigilosas da
Operação Boi Barrica, cujo alvo
era um dos filhos do senador,
Fernando Sarney, suspeito de
tráfico de influência, crimes
contra o sistema financeiro e
crime eleitoral.
A PF chegou a pedir a prisão
preventiva do segurança, mas a
Justiça negou. Depois, foi aberto um inquérito para apurar a
atuação de Aluísio, acusado de
violação de sigilo funcional.
As conversas gravadas pela
PF mostram que Fernando recorreu a Aluísio por suspeitar
que seu motorista em Brasília,
Marco Antônio Bogea, estava
sendo seguido. De fato, os agentes da PF monitoraram Bogea
durante uma viagem que ele fez
de São Paulo a Brasília, portando uma valise "em atitude bastante suspeita". Conforme a
PF, Aluísio acionou informantes seus dentro da corporação
em Brasília e São Paulo.
A PF captou, com autorização judicial, conversas entre
Aluísio e o filho de Sarney.
Aluísio: "Fiz o contato lá em
São Paulo, só preciso do nome
completo do Marcos".
Fernando: "Marco Antonio
Bogea".[...].
Aluísio: "É uma solicitação
da diretoria geral de investigação de crime financeiro de Brasília. Eles pediram a colaboração da Superintendência de
São Paulo, só passaram o retrato falado, o nome do Marco, o
voo que estava indo".[...]
Aluísio: "A orientação é
aquela, é para ele ir embora. Se
ele for abordado, pergunta do
que se trata, se tem alguma intimação oficial, não, então, se vocês quiserem falar comigo, me
manda uma intimação oficial".
Os delegados responsáveis
pela Boi Barrica, no pedido de
prisão de Aluísio, escreveram
que "o teor dos diálogos transcritos demonstra claramente
que o agente Aluísio, que trabalha como segurança do senador
José Sarney, repassou informações privilegiadas ao grupo".
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