São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Luiz Francisco afirma que o Banco Central ainda não entregou 45 ordens bancárias emitidas pela Incal
Procurador volta a acusar o BC de omissão por atraso

MALU GASPAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o procurador da República Luiz Francisco de Souza, do Ministério Público do Distrito Federal, é "ridículo" o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, dizer que o MP não tem escrúpulos por criticar o atraso na entrega de informações sobre o rastreamento das ordens bancárias emitidas pela Incal. Luiz Francisco reafirmou que o BC foi omisso na entrega de informações à CPI do Judiciário e ao MP. Leia abaixo trechos da entrevista.

Folha - O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, diz que falta escrúpulo político ao Ministério Público em suas declarações.
Luiz Francisco de Souza -
O que o Ministério Público disse é correto. Das 82 ordens bancárias referentes a quase R$ 300 milhões, só oito foram completamente rastreadas, totalizando só R$ 30 milhões. O resto não foi feito corretamente.
Depois de muita pressão, a Justiça deu um prazo de 45 dias. E mesmo assim o BC só entregou 29 ordens bancárias, rastreadas incompletamente. Ainda faltam 45 ordens bancárias. Então é ridículo ele dizer que o BC está dentro do prazo, porque esse prazo nasce da própria omissão do BC, que deveria ter feito o rastreamento no ano passado e não fez. O relatório da CPI poderia ter sido dez vezes mais completo com ele.

Folha - O Ministério Público foi acusado de partidarismo por ter se reunido com membros da oposição antes do depoimento de EJ.
Luiz Francisco -
O que houve foi uma reunião da comissão. Nós fizemos um encontro inclusive com membros da base governista, não foi só da oposição. O PMDB integra a base governista e estava lá. Amir Lando, Roberto Requião e Pedro Simon, que são da base governista. Nosso encontro foi público e apartidário.

Folha - Vocês convidaram membros da base governista?
Luiz Francisco -
Nós exigimos que a reunião fosse num local público e fizemos questão que fossem convidados os governistas, o sr. Edison Lobão, o (José Roberto) Arruda. Se eles não quiseram ir, é outro problema.

Folha - O senhor acha que os senadores fizeram um bom uso dos subsídios que o MP deu?
Luiz Francisco -
Não faço juízo. O que eu sei é que houve uma reunião pública e pluripartidária. O resto é uma tentativa de barrar essa CPI, porque a gente precisa de uma CPI. Foi só com uma CPI que se pegou o Hildebrando. Luiz Estevão foi pego numa CPI. CPI é mecanismo democrático. O MP não tem estrutura.

Folha - O senhor vai depor na subcomissão do Senado?
Luiz Francisco -
Se ela nos convidar, a gente vai. Mas vamos querer marcar para daqui a pelo menos três semanas, porque a investigação está em curso e nós precisamos de mais elementos e ações.


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