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ELEIÇÕES/ RIO
Segundo a secretária da Fazenda Sol Garson, esse aumento ocorreu em razão da incorporação de juros anuais
Dívida do Rio cresceu 72,42% com Conde
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A dívida pública do município
do Rio de Janeiro cresceu 72,42%
na gestão do prefeito Luiz Paulo
Conde (PFL), candidato à reeleição, de janeiro de 1997, quando
ele assumiu, até o final de 1999,
ano no qual o total da dívida (R$
4,07 bilhões) foi renegociado com
o governo federal.
Quando Conde assumiu, a dívida era de R$ 2,36 bilhões.
A secretária da Fazenda do município, Sol Garson, disse que o
crescimento da dívida teve como
principal fator a incorporação dos
juros anuais, já que, segundo ela,
não houve nenhuma emissão de
títulos públicos para captação de
dinheiro novo desde 1993, quando o ex-prefeito Cesar Maia, atual
candidato pelo PTB, colocou no
mercado R$ 237,91 milhões em títulos municipais, apelidados de
"carioquinhas".
De acordo com os números fornecidos pela prefeitura, atualizados para reais do dia 31 de dezembro de 1999, a dívida pública do
Rio cresceu 312,09% na soma dos
governos Maia e Conde (de janeiro de 1993 a dezembro de 1999).
Maia e Conde estão empatados
com 26% das intenções de voto,
de acordo com a última pesquisa
do Datafolha.
No final de 1992, quando Marcello Alencar (PSDB) passou a
prefeitura para Maia, o Rio devia,
entre dívida mobiliária (títulos) e
dívida contratual (empréstimos
bancários), R$ 985,70 milhões. No
período de governo de Maia a dívida cresceu 139,46%, passando
daqueles R$ 985,70 milhões para
R$ 2,36 bilhões.
A explosão dos débitos do Rio é
de responsabilidade, basicamente, da dívida em títulos. Ela passou
de R$ 441,07 milhões em dezembro de 1992 para R$ 2,47 bilhões
em dezembro de 1998, um crescimento de de 461,6%.
O número de 1999, superior a
R$ 3 bilhões, não aparece nas estatísticas da prefeitura porque,
após a renegociação com o governo federal, dívida mobiliária e dívida contratual passaram a ser
um só número. De dezembro de
1992 a dezembro de 1998 a dívida
contratual cresceu 56,15%, passando de R$ 544,63 milhões a R$
850,46 milhões.
Renegociação
Entre julho e setembro do ano
passado a Prefeitura do Rio renegociou sua dívida, interna e externa, com o governo federal. Pela
renegociação, o município passaria a pagar seus débitos em 30
anos, a juros de 9% ao ano. Havia
as opções de renegociar também a
6% ao ano e a 7,5% ao ano.
Para o economista Luiz Mário
Behnken, conselheiro do Corecon-RJ (Conselho Regional de
Economia-Rio de Janeiro) e coordenador do Fórum Popular do
Orçamento (entidade que pleiteia
a adoção do orçamento participativo na Prefeitura do Rio), a renegociação foi apressada e comprometeu recursos que poderiam ser
utilizados para investimentos. A
Prefeitura de São Paulo renegociou este ano seus débitos a 6% de
juros ao ano.
A secretária da Fazenda disse
que a pressa em renegociar foi para evitar que a dívida continuasse
indexada à taxa Selic (a taxa de juros básica do mercado), que andou na casa dos 40% e foi a principal causa do crescimento explosivo dos débitos.
Quanto à taxa de 9%, Garson
disse que na época era a melhor
opção, evitando deixar uma bomba de efeito retardado para as próximas gestões. Segundo ela, quem
optasse pelas taxas de 6% ou 7,5%
teria que assumir o compromisso
de quitar, à parte, parcelas intermediárias da dívida, semelhantes
aos sistema adotado na venda de
imóveis na planta.
Caso a prefeitura não conseguisse cumprir o compromisso, a
parcela não paga passaria novamente a crescer pela taxa Selic.
Garson disse que a Prefeitura de
São Paulo conseguiu derrubar essa regra da taxa Selic na sua renegociação e que, em maio deste
ano, o Rio reviu sua negociação
com o governo e obteve as mesmas condições de São Paulo.
A secretária afirmou que os investimentos da prefeitura não serão sacrificados porque o dinheiro para a amortização anual da dívida -ela avalia que esse valor ficará estável em torno de R$ 380
milhões/ano- está sendo tirado
de economias feitas nas rubricas
de custeio (gastos com a máquina
pública e com manutenção, basicamente).
Ela disse ainda que os investimentos das administrações direta
e indireta ficarão estáveis em cerca de R$ 400 milhões/ano (R$ 360
milhões em 1999) e que o caixa da
prefeitura também está estabilizado na casa dos R$ 400 milhões (R$
447,08 milhões em dezembro de
1999).
Embora a oposição diga que os
restos a pagar que passam de um
ano para outro (despesas correntes adiadas) sejam próximos ao
valor do caixa, a secretária afirma
que no ano passado eles não passaram de R$ 100 milhões, para um
caixa de R$ 477,08 milhões, e que
este ano a situação não será diferente.
A melhor situação do caixa da
Prefeitura do Rio nos governos
Maia e Conde foi na virada para
1996, último ano do governo
Maia. O total de R$ 1,27 bilhão
disponível foi integralmente aplicado em obras, ajudando a eleger
Conde, ex-secretário de Obras de
Maia. A atual secretária da Fazenda de Conde era também da equipe de Maia.
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