São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2000


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CASO TRT
Ministro, junto com diretor-geral da Polícia Federal, quer autorização para colocar escutas telefônicas
Gregori afirma que Justiça dificulta busca por Nicolau

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Justiça, José Gregori, afirmou ontem que, se a Justiça concedesse escuta telefônica para a Polícia Federal, as buscas ao ex-juiz foragido Nicolau dos Santos Neto seriam facilitadas.
Desde que Nicolau teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal em São Paulo, no dia 25 de abril, a PF não conseguiu autorização para que fossem feitas escutas telefônicas nas linhas de pessoas com as quais o ex-juiz poderia manter contato.
"Se a Justiça concedesse, nos daria mais facilidade", afirmou Gregori. O ministro disse não saber o motivo pelo qual a Justiça não concede a autorização. "Perguntem à Justiça Federal (o motivo)."
O diretor-geral da PF, Agílio Monteiro Filho, disse que a polícia está tentando na Justiça autorização para fazer o que ele chamou de "controle telefônico".
Gregori e o diretor-geral da PF se reuniram ontem na casa do ministro em São Paulo.
Monteiro Filho estava voltando de uma viagem de três dias à França e parou em São Paulo para informar Gregori sobre as buscas ao ex-juiz foragido e ao banqueiro Salvatore Cacciola, dono do Marka e com prisão decretada desde o dia 19 de julho.
Na Europa, o diretor-geral da PF pediu ajuda da Interpol e da polícia francesa para localizar os dois foragidos. Monteiro Filho afirmou que deve ficar na cidade até amanhã, para acompanhar pessoalmente as operações de busca ao ex-juiz que estão centradas na PF em São Paulo.
Tanto Gregori quanto Monteiro Filho preferiram não colocar prazo para a captura do ex-juiz, já que nas últimas semanas as informações eram as de que o cerco estava se fechando para prendê-lo.
"Não podemos dar detalhes da busca. Estamos trabalhando com todas as possibilidades", disse Monteiro Filho. "A cada diligência que fazemos, avançamos."
Nicolau deve ter seu habeas corpus julgado este mês. Segundo seu advogado, Alberto Zacharias Toron, logo após o julgamento, independentemente do resultado, seu cliente deve se entregar.
Gregori defendeu a PF e disse que não haveria "desmoralização" da polícia caso Nicolau se entregasse. "A polícia está se empenhando o máximo."
Questionado se Monteiro Filho poderia perder o cargo caso o juiz não fosse preso, Gregori disse: "Isso é especulação".
"Essas coisas não são fáceis. Estamos tratando de uma pessoa com recursos, relações e que, por ter sido juiz, conhece como funcionam as coisas", afirmou.
O ministro não quis fazer comparações com as buscas por PC Farias, em 93, quando o tesoureiro de Fernando Collor foi encontrado na Tailândia, após passar 153 dias foragido. Ele foi reconhecido por um turista que informou a embaixada. "Não sou especialista em caso PC", disse Gregori.


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