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Afiliada da Globo, TV Bahia, de ACM,
é acusada de boicotar adversários
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Desde o início da década de 90,
quando passou a ser controlada
definitivamente por familiares do
ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 73, até maio deste
ano, o departamento de jornalismo da TV Bahia (afiliada da Globo) sempre foi associado a políticos e administradores carlistas.
A queixa é da oposição no Estado. Entre 93 e 96, quando Salvador era administrada pela hoje
deputada estadual Lídice da Mata
(PSB), por exemplo, a prefeitura
teve que recorrer à Justiça para
veicular publicidade na TV Bahia.
"Os diretores do departamento
comercial da televisão não veiculavam nada da prefeitura, mesmo
a gente pagando o preço da tabela
normal", disse o advogado Fernando Schimidt, que na época era
secretário de Governo de Lídice.
De acordo com Schimidt, a ex-prefeita nunca foi convidada para
participar de programa político
ou jornalístico na TV Bahia.
"Para complicar a situação, no
começo da administração de Lídice da Mata, o governador da Bahia era Antonio Carlos Magalhães. Todos os dias as obras realizadas pelo Estado eram mostradas em todos os telejornais da
emissora. Para a prefeitura, só sobravam as mazelas", afirma.
Duas vezes candidato à Prefeitura de Salvador, o deputado federal Nélson Pellegrino (PT) também reclama do boicote.
"Por oito anos, fui deputado estadual e só apareci uma vez no noticiário da TV Bahia. Mesmo assim, em uma situação em que o
favorecido foi ACM", disse.
De acordo com Pellegrino, a sua
única entrevista à TV Bahia aconteceu quando o ex-governador
Nilo Coelho (PSDB) atropelou
um repórter-fotográfico do "Correio da Bahia", jornal administrado por parentes do ex-senador.
"Como presidente da Comissão
Estadual de Direitos Humanos,
critiquei a ação do ex-governador
[que é adversário de ACM". Com
isso, a TV Bahia veiculou minha
entrevista", disse Pellegrino.
Há dois meses, no entanto, a direção da televisão promoveu mudanças estruturais no departamento de jornalismo. O pivô da
mudança foi uma manifestação
promovida por estudantes e sindicalistas que defendiam a cassação do ex-senador.
Realizada no Campo Grande
(centro), a manifestação terminou com estudantes e policiais feridos. A TV Bahia não tinha as
imagens do conflito e o departamento de jornalismo da Globo
encaminhou uma carta à filial cobrando profissionalismo.
Ameaçada de perder a concessão, a TV Bahia mudou. Atualmente, os seus três programas
jornalísticos já registraram, inclusive, manifestações contra ACM.
Outro lado
A Agência Folha entrou em contato com o departamento de jornalismo da TV Bahia na sexta-feira e ontem.
De acordo com funcionários, o
diretor Carlos Libório estava reunido com o senador Antonio Carlos Magalhães Júnior (PFL) e não
podia ser interrompido.
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