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CAMPANHA
Criticado por rivais, tucano diz querer bônus por ser identificado a SP
Na Fiesp, Serra se assume como 'o' nome da indústria
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidenciável José Serra
(PSDB), em visita ontem à Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), fez questão de
se apresentar como o candidato
da indústria e do desenvolvimento e aproveitou a platéia de empresários para criticar proposta
do adversário do PPS, Ciro Gomes, na área tributária.
Para os industriais, Serra definiu como "biográfica" e "do fundo da alma" sua relação com a indústria. Citou o fato de ter nascido
em um bairro operário, a Mooca,
na zona leste de São Paulo, e de ter
trabalhado como deputado pelo
setor. "Sempre estive ligado às
causas do desenvolvimento."
"É isso que eu defendo. O que
representa São Paulo e o que representa a indústria paulista",
disse o tucano, explicando que
defender o setor seria criar empregos e aumentar a arrecadação,
o que beneficiaria o resto do país.
"Os meus adversários falam lá
fora que eu sou o candidato da
Fiesp. Eu quero o bônus disso",
brincou o tucano, com uma platéia formada por 460 industriais.
De acordo com a entidade, foi o
quórum mais alto entre as visitas
dos presidenciáveis, seguido pela
exposição de Lula, que contou
com 420 empresários.
Ao defender a necessidade de
uma reforma tributária que desonere as exportações e acabe com a
cumulatividade de impostos, Serra fez uma crítica dura à proposta
do candidato do PPS, chamando-a de "fantasia", "coisa do arco-da-velha" e "hilariante". "São digressões, devaneios em matéria tributária", afirmou o candidato.
A proposta de Ciro prevê, entre
outros pontos, a taxação do consumo supérfluo, como cigarros, e
a diminuição da cobrança de impostos sobre salários.
"Não podemos pegar um pacote embrulhado com papel dourado, sem saber o que tem dentro",
disse, referindo-se a Ciro. Na disputa por uma vaga no segundo
turno, Serra tem focado suas críticas no candidato do PPS.
Crítica
Apesar da posição crítica de empresários da Fiesp em relação à
condução da política econômica,
que seria extremamente ortodoxa
durante a gestão de Pedro Malan
na Fazenda, prejudicando a indústria, alguns industriais declaram apoio a Serra.
O tucano foi crítico das altas taxas de juros no período e a sobrevalorização do câmbio no primeiro mandato de FHC, entrando em
conflito com Malan.
"Não é novidade que Serra foi
contra a política econômica
atual", afirmou o presidente da
Invicta, Emmanuel Nóbrega Sobral, que classificou como um
"show" a exposição do tucano.
"Vou apoiá-lo", disse o empresário Antônio Ermírio de Moraes,
do grupo Votorantim, que não foi
à palestra dos outros três candidatos. "Ele foi muito bem", disse
Mário Amato, ex-presidente da
Fiesp, que em 1989 disse que, se
Lula vencesse as eleições, 800 mil
empresários deixariam o país.
Amato colocou "a bola na linha
do pênalti" para Serra chutar,
conforme definiu o tucano. Após
responder a perguntas sobre estabilidade versus crescimento, o debate acabou com uma indagação
por escrito de Amato sobre esporte, voluntariado e cultura.
Luiz Fernando Furlan, presidente da Sadia, foi discreto e disse
não ter definido ainda o seu voto.
O tucano arrancou risadas da
platéia ao responder a uma pergunta sobre no que diferiria dos
adversários, já que as propostas
eram parecidas: "A diferença é
que eu sei o que estou falando".
Serra recebeu aplausos ao terminar sua exposição parafraseando Tancredo Neves: "Se você não
decidiu em quem votar, olhe
quem o candidato tem do lado".
Era outra crítica indireta a Ciro,
que recebeu o apoio de setores do
PFL, como o do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA).
No final, Serra disse que não estava na Fiesp como o "anti-Lula",
mas como o "anti-desemprego".
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