São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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CAMPANHA

Ex-presidente declara voto em candidato do PPS e diz que comparação entre ambos ajuda presidenciável

Collor pede votos para Ciro em Alagoas

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB), candidato ao governo de Alagoas, declarou apoio a Ciro Gomes (PPS) e já começou a pedir votos para o presidenciável em comícios realizados no interior alagoano.
O ex-presidente disse ontem, em entrevista à TV "Pajuçara", retransmissora do SBT em Alagoas, que vai votar em Ciro. "Eu vou votar no Ciro Gomes porque tenho certeza de que ele tem condições de governar o país", disse. A declaração ocorre apesar das reiteradas manifestações de desapreço pelo apoio de Collor dadas pelo próprio Ciro.
Em comício na noite de anteontem no município de Pilar, a 50 km de Maceió, Collor pediu à população local que votasse no 23 (número de Ciro), "o nosso presidente", o que, somado ao número dele, o 28, dá 51. "Como vocês sabem, 51 é uma boa idéia", disse o ex-presidente.
Por várias vezes, Ciro demonstrou irritação ao ser comparado com Collor -os dois governaram Estados do Nordeste e têm imagens de jovens impetuosos. A comparação é um dos artifícios preferidos da campanha tucana de José Serra (PSDB).
Confrontado com o fato de que seu apoio é tratado pelo PPS nacional e pelo próprio Ciro como o "beijo da morte", Collor afirmou acreditar que seu nome não traz prejuízo à candidatura da Frente, já que Ciro não teria parado de subir nas pesquisas mesmo depois de a comparação começar a ser explorada de forma mais intensa pelos adversários.
"Nos últimos dias, em que o candidato Ciro Gomes mais recebeu essa exposição na mídia, comparando-o comigo, foi exatamente neste período que ele cresceu. Ultrapassou o candidato Serra e hoje já está quase ultrapassando o candidato Lula. Sinal de que essa comparação que fazem dele comigo não o prejudicou", disse.
O PSDB usa também como argumento para a comparação o fato de Ciro contar entre seus colaboradores com vários ex-colloridos, como o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), um dos coordenadores da Frente.
Apesar de se declarar amigo de Collor, Jefferson ontem criticou as declarações do ex-presidente. ""Ele está fazendo isso para prejudicar o Ciro. Sempre falou mal do Ciro na nossa frente. Fico admirado de agora, que sabe que seu elogio atrapalha, fazer isso. Ele está é querendo uma carona [na popularidade do candidato"."
Marcado pelo processo de impeachment que sofreu -devido a acusações de que ele e seu ex-tesoureiro Paulo César Farias, morto em 1996, comandavam um esquema de corrupção no Planalto-, Collor é visto por muitos como garantia de prejuízo eleitoral.
Tanto é que o PPS de Ciro Gomes tenta até hoje anular decisão de sua seção alagoana de coligação com a chapa do ex-presidente, que conta também com o apoio do PTB, outra legenda da Frente Trabalhista de Ciro.
O Tribunal Regional Eleitoral deve definir nos próximos dias se aceita ou não a intervenção feita pela Executiva nacional do PPS.



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