São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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Dirceu defende "poder político-militar"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, o ministro José Dirceu (Casa Civil) enalteceu duas vezes a importância da questão militar para o país.
Ao tratar do tema pela primeira vez, disse que "não há projeto de desenvolvimento nacional sem uma expressão de poder político-militar". Depois, afirmou que o Brasil tem de ter "força econômica, tecnológica e militar" para para alcançar o desenvolvimento.
"Sem isso, nós estamos jogando palavras ao vento, e o Brasil precisa tomar isso ao pé da letra, porque o mundo em nós vivemos é um mundo de conflitos, de disputa de interesses, de hegemonias unilaterais e um mundo desigual, um mundo desigual do ponto de vista do poder político mundial."
Anteontem, em discurso em Vitória (ES), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu o sucateamento das Forças Armadas, dizendo que o governo federal tem o "compromisso" de reequipá-las. No mês passado, o Planalto anunciou um reajuste salarial de 10% aos militares, depois de enfrentar um prolongado desgaste com os comandos de Marinha, Exército e Aeronáutica.
Na reunião de ontem, Dirceu afirmou também que uma das "heranças" do governo Lula é a "infra-estrutura estrangulada", numa referência, segundo ele, aos problemas principalmente na área de transporte do país. "É um país que tem profundas desigualdades sociais, uma parcela importante do seu povo excluído e tem problemas gravíssimos do ponto de vista econômico. Particularmente temos como herança também que recebemos uma infra-estrutura estrangulada na área de transporte, principalmente."
Antes disso, porém, admitiu que o Brasil é um país que pode ser "facilmente" modernizado. "São poucas as nações e os países que têm [uma capacidade de desenvolvimento]. É um país que tem um grande mercado interno já. E tem uma infra-estrutura moderna em alguns setores e facilmente modernizável em poucos anos em outros setores."
Em linhas gerais, mas não de forma direta, os participantes do conselho condenaram, segundo a Folha apurou, a opção do Banco Central de conter a inflação por meio de juros altos.
O conselho, criado por Lula no ano passado para fazer uma espécie de interlocução com a sociedade, é formado por 102 integrantes, sendo 90 deles da sociedade civil, 11 ministros e o presidente Lula.
Dirceu reconheceu, porém, que é uma herança "benéfica" a potencialidade dos bancos estatais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES, que, segundo ele, conseguem incentivar os investimentos privados. (EDUARDO SCOLESE)


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