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Dirceu defende "poder político-militar"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, o ministro José Dirceu (Casa Civil)
enalteceu duas vezes a importância da questão militar para o país.
Ao tratar do tema pela primeira
vez, disse que "não há projeto de
desenvolvimento nacional sem
uma expressão de poder político-militar". Depois, afirmou que o
Brasil tem de ter "força econômica, tecnológica e militar" para para alcançar o desenvolvimento.
"Sem isso, nós estamos jogando
palavras ao vento, e o Brasil precisa tomar isso ao pé da letra, porque o mundo em nós vivemos é
um mundo de conflitos, de disputa de interesses, de hegemonias
unilaterais e um mundo desigual,
um mundo desigual do ponto de
vista do poder político mundial."
Anteontem, em discurso em Vitória (ES), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu o sucateamento das Forças Armadas,
dizendo que o governo federal
tem o "compromisso" de reequipá-las. No mês passado, o Planalto anunciou um reajuste salarial
de 10% aos militares, depois de
enfrentar um prolongado desgaste com os comandos de Marinha,
Exército e Aeronáutica.
Na reunião de ontem, Dirceu
afirmou também que uma das
"heranças" do governo Lula é a
"infra-estrutura estrangulada",
numa referência, segundo ele, aos
problemas principalmente na
área de transporte do país. "É um
país que tem profundas desigualdades sociais, uma parcela importante do seu povo excluído e tem
problemas gravíssimos do ponto
de vista econômico. Particularmente temos como herança também que recebemos uma infra-estrutura estrangulada na área de
transporte, principalmente."
Antes disso, porém, admitiu
que o Brasil é um país que pode
ser "facilmente" modernizado.
"São poucas as nações e os países
que têm [uma capacidade de desenvolvimento]. É um país que
tem um grande mercado interno
já. E tem uma infra-estrutura moderna em alguns setores e facilmente modernizável em poucos
anos em outros setores."
Em linhas gerais, mas não de
forma direta, os participantes do
conselho condenaram, segundo a
Folha apurou, a opção do Banco
Central de conter a inflação por
meio de juros altos.
O conselho, criado por Lula no
ano passado para fazer uma espécie de interlocução com a sociedade, é formado por 102 integrantes,
sendo 90 deles da sociedade civil,
11 ministros e o presidente Lula.
Dirceu reconheceu, porém, que
é uma herança "benéfica" a potencialidade dos bancos estatais,
como o Banco do Brasil, a Caixa
Econômica Federal e o BNDES,
que, segundo ele, conseguem incentivar os investimentos privados.
(EDUARDO SCOLESE)
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