FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Lavradores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) entraram em confronto ontem com proprietários da fazenda Riachão Grande, em Lagoa dos Gatos (a 179 km de Recife, PE), após desocupação determinada, pela quarta vez, pela Justiça estadual neste ano.
No confronto, dois veículos foram depredados e houve disparo de tiros. Um sem-terra foi ferido, mas sem gravidade. Após a confusão, os trabalhadores rurais conseguiram tomar a propriedade pela quinta vez.
O conflito ocorreu pela manhã. Quarenta policiais militares foram mobilizados para conter a invasão. A operação da PM foi realizada de forma pacífica.
Cerca de uma hora depois, porém, um grupo portando foices e facões retornou à fazenda. Os donos da terra e alguns empregados estavam no local derrubando e incendiando os barracos.
Segundo o advogado dos fazendeiros, Fernando Heriberto Lyra Coelho -que também estava na área-, os lavradores avançaram, gritando palavras de ordem. "Entramos nos carros para fugir, mas eles nos cercaram e ameaçaram tocar fogo nos veículos."
De acordo com o tenente-coronel Alex Shama dos Santos, comandante do 4º batalhão da PM de Caruaru, de onde foi requisitada a tropa, tiros foram disparados durante a confusão. Os sem-terra acusam os donos da fazenda de serem os autores dos disparos, mas o advogado nega.
Quatro pessoas que estavam no veículo foram submetidas a teste para detecção de resíduos de pólvora nas mãos. O resultado sai em aproximadamente dez dias.
O MST diz que a fazenda é improdutiva, e pede ao Incra a desapropriação sumária da área, sem vistoria e avaliação.
A superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Recife, Maria de Oliveira, disse que é impossível desapropriar sem os processos legais.


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