São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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NA TV

Um debate de dois, sem os dois

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Carlos Nascimento, o mediador, anunciou "o maior acontecimento político do ano na televisão brasileira".
Não foi. Serviu para lembrar o que é debate no Brasil.
Em meio a nanicos e dois ou três franco-atiradores, os dois favoritos se apresentaram tensos, excessivamente dirigidos, com respostas superficiais.
Já na primeira imagem de Marta Suplicy e José Serra, seus sorrisos fixos e seus esforços de aparentar "paz e amor" denunciavam o que estava por vir. Reagiram nos blocos seguintes, aos poucos. Estavam ali, ao que parece, para não chamar atenção.
Mas o debate foi por demais concentrado nos dois, sobretudo, como sempre, na prefeita, que concorre no cargo.
Foram ataques a que Serra respondeu com alguma presteza, em temas como os "vampiros". Já Marta, em temas como taxas e a saúde, nem tanto.
O conflito maior, com o tempo, se firmou entre Erundina e Marta, com a primeira no ataque e a segunda sem reagir ou reagindo com atraso. Erundina chegou a acusar a prefeita de "clientelismo" e a dizer que sua campanha "fere a lei anticorrupção". Marta fez que não era com ela.
Serra e Marta só foram se enfrentar, ainda assim sem falar ou sequer olhar um para o outro, à meia-noite, no bloco de perguntas dos jornalistas da Band. Foi um tema favorável ao tucano, saúde -e ele venceu.
No geral, foram ambos, Marta e Serra, mais ou menos bem-sucedidos em se manter calmos, sem atirar ou agredir.
Não é muito.
 
Com Havanir Nimtz e Maluf em cena, sobrou comicidade. A melhor tirada foi malufista:
- Não fica chateada, Marta, mas São Paulo não agüenta você mais quatro anos.
 
A Band passou o tempo todo provocando a Globo ("aqui debate é em horário nobre", "Band, a rede das diretas sempre").
Mas a emissora paulista, sabe-se lá como, conseguiu transmitir nos intervalos quatro comerciais do governo Geraldo Alckmin, que é pró-Serra, e dois comerciais de um laboratório de genéricos, uma bandeira de Serra. Nos comerciais de genéricos, a estrela era Raul Cortez, veterano de campanhas eleitorais tucanas.
 
O ibope, na prévia, ficou em 7 pontos de média e 10 de pico. Abaixo de Globo e SBT.


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