|
Texto Anterior | Índice
NA TV
Um debate de dois, sem os dois
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Carlos Nascimento, o mediador, anunciou "o maior
acontecimento político do ano na
televisão brasileira".
Não foi. Serviu para lembrar o
que é debate no Brasil.
Em meio a nanicos e dois ou três
franco-atiradores, os dois favoritos se apresentaram tensos, excessivamente dirigidos, com respostas superficiais.
Já na primeira imagem de Marta Suplicy e José Serra, seus sorrisos fixos e seus esforços de aparentar "paz e amor" denunciavam
o que estava por vir. Reagiram
nos blocos seguintes, aos poucos.
Estavam ali, ao que parece, para
não chamar atenção.
Mas o debate foi por demais
concentrado nos dois, sobretudo,
como sempre, na prefeita, que
concorre no cargo.
Foram ataques a que Serra respondeu com alguma presteza, em
temas como os "vampiros". Já
Marta, em temas como taxas e a
saúde, nem tanto.
O conflito maior, com o tempo,
se firmou entre Erundina e Marta,
com a primeira no ataque e a segunda sem reagir ou reagindo
com atraso. Erundina chegou a
acusar a prefeita de "clientelismo"
e a dizer que sua campanha "fere a
lei anticorrupção". Marta fez que
não era com ela.
Serra e Marta só foram se enfrentar, ainda assim sem falar ou
sequer olhar um para o outro, à
meia-noite, no bloco de perguntas dos jornalistas da Band. Foi
um tema favorável ao tucano,
saúde -e ele venceu.
No geral, foram ambos, Marta e
Serra, mais ou menos bem-sucedidos em se manter calmos, sem
atirar ou agredir.
Não é muito.
Com Havanir Nimtz e Maluf em
cena, sobrou comicidade. A melhor tirada foi malufista:
- Não fica chateada, Marta,
mas São Paulo não agüenta você
mais quatro anos.
A Band passou o tempo todo
provocando a Globo ("aqui debate é em horário nobre", "Band, a
rede das diretas sempre").
Mas a emissora paulista, sabe-se
lá como, conseguiu transmitir nos
intervalos quatro comerciais do
governo Geraldo Alckmin, que é
pró-Serra, e dois comerciais de
um laboratório de genéricos, uma
bandeira de Serra. Nos comerciais
de genéricos, a estrela era Raul
Cortez, veterano de campanhas
eleitorais tucanas.
O ibope, na prévia, ficou em 7
pontos de média e 10 de pico.
Abaixo de Globo e SBT.
Texto Anterior: Nos bastidores: Marqueteiros petistas fazem pressão Índice
|