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ELEIÇÕES 2006 / POLÍTICA EXTERNA
Alckmin diz que Fidel é uma "figura do passado"
Lula e Heloísa Helena não responderam às questões da Folha sobre o ditador cubano
Para o tucano, a revolução cubana alcançou resultados importantes, mas acabou
se desgastando, e não deve sobreviver sem seu líder
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato à Presidência da
República pelo PSDB, Geraldo
Alckmin, afirmou que o ditador
cubano Fidel Castro, afastado
do governo por problemas de
saúde, "é uma figura do passado
e há tempos já não representa
um caminho para o futuro."
O tucano também disse considerar o regime político do
país "obsoleto" e condenou as
restrições às liberdades civis
em Cuba e as execuções de dissidentes do regime.
Alckmin foi o único dos três
presidenciáveis que lideram as
pesquisas de intenção de voto
que respondeu às seis perguntas enviadas pela Folha sobre o
ditador e o regime cubano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou por
meio de assessores que, por decisão da sua campanha, não
responderia a nenhuma das
questões. Durante seu governo,
o Brasil manteve relação de
proximidade com o regime cubano, ao qual Lula evitava chamar de ditadura. Não apoiou
resoluções que condenaram
Havana por violações na Comissão de Direitos Humanos
da ONU e defendeu a "ampliação do diálogo" dos países latino-americanos com a ilha. Lula
dizia também que gostaria de
ajudar o povo de Cuba a viver
"experiências democráticas".
Primeiros contatos
Lula e Fidel Castro se conheceram em 1980 em Manágua
(Nicarágua), na comemoração
do primeiro aniversário da revolução sandinista. Em 1995,
Fidel foi à casa do petista em
São Bernardo do Campo.
Nesta semana Lula enviou
votos de pronta recuperação ao
ditador. "Em nome da amizade
que nos une e da luta que travamos em favor do desenvolvimento e da igualdade entre os
povos, quero transmitir-lhe os
votos de pronta recuperação".
Uma das acusações que pesa
sobre o PT é o suposto recebimento ilegal de dólares de Cuba
à campanha de Lula em 2002.
Já assessores de Heloísa Helena (PSOL), terceiro lugar nas
pesquisas de intenção de voto
para presidente, alegaram falta
de tempo para dar as respostas,
apesar de seus assessores terem recebido o questionário na
última quarta-feira.
Para Alckmin, o regime de
Fidel sobreviveu à Guerra Fria,
mas certamente não sobreviverá ao seu chefe. "A revolução
cubana logrou importantes
realizações no campo da saúde,
da educação, mas, como seu líder, acabou se desgastando e
desiludindo muito de seus defensores pelo exercício inequivocamente arbitrário e discricionário do poder", disse.
(FABIANE LEITE E MATHEUS PICHONELLI)
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