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PT vai retomar Constituinte, diz Berzoini
Assembléia exclusiva para tratar da reforma política será bandeira do Congresso Nacional do partido
DA REDAÇÃO
O PT vai ressuscitar a proposta de criação de uma Constituinte exclusiva para tratar da
reforma política, idéia polêmica já defendida pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno da eleição de 2006.
O assunto deve se transformar
numa bandeira partidária no 3º
Congresso Nacional do PT, a
ser realizado nos dias 30 de
agosto a 2 de setembro.
O tema vem à baila diante do
iminente fracasso da votação
da reforma política no Congresso -ainda que Lula tenha
não só tenha incluído a reforma
entre as prioridades de seu programa de governo como feito a
promessa de se empenhar por
ela, horas após a confirmação
de sua reeleição em 31 de outubro do ano passado.
"Existe um movimento forte
no PT hoje, que pode se traduzir numa resolução [nacional],
favorável a uma Constituinte
exclusiva e específica sobre a
reforma política para garantir
que os eleitores -dissociados
da eleição normal do Parlamento- possam constituir
uma Assembléia Revisora da
estrutura política do país e que
discuta uma agenda mais ampla, como o papel do Senado e
decisões envolvendo a democracia participativa", afirmou à
Folha o presidente nacional da
legenda, Ricardo Berzoini (SP).
A votação da reforma política
deixou rusgas entre o PT e o
presidente Lula. Para o partido,
Lula lavou as mãos.
"Achamos que um dos problemas foi que o governo, o Palácio e o presidente, na votação
da reforma, não se manifestaram. Não houve posicionamento político do governo. Foi uma
questão tratada só no âmbito
do Parlamento e dos partidos.
Isso foi um erro, porque o ideal
seria que o governo se manifestasse", desabafou Berzoini, que
também se desgastou no escândalo do dossiegate -tentativa
de petistas de comprar um dossiê contra políticos do PSDB.
Por conta do episódio, Berzoini perdeu o posto de coordenador-geral da campanha de
Lula pela reeleição e, em seguida, de presidente da legenda.
"O presidente Lula poderia
ter se posicionado de forma
mais afirmativa a favor da reforma política, pois esse é um
tema importante demais para
se dizer que é só atribuição do
Congresso", endossa o deputado Maurício Rands (PT-PE),
que acompanha a tramitação
do projeto na Câmara.
Plebiscito
Segundo Berzoini, a Constituinte poderia analisar a possibilidade de realização de plebiscitos e referendos no futuro.
Essa idéia também não é nova.
O PT já havia debatido reservadamente a idéia de fazer plebiscitos, tema que foi encarado
por adversários como uma forma disfarçada de o partido propor um terceiro mandato para
Lula, a partir da implantação de
um sistema parlamentarista.
O PT sustenta a proposta da
Constituinte para a reforma
política sob a alegação de que é
impossível que os parlamentares se disponham a alterar regras que os beneficiam. Portanto, seriam eleitos constituintes
exclusivos, que não se confundiriam com os parlamentares,
só para discutir uma reforma.
Os petistas contam com o
apoio de segmentos da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) e do movimento sindical.
"Essa proposta será letra morta
sem mobilização popular", admite Berzoini.
As crises políticas de 2005 e
2006 -o mensalão e o dossiegate, respectivamente- geraram feridas ainda não cicatrizadas no PT. Boa parte da bancada se rebelou, na votação da reforma política em junho, contra a proposta de lista fechada
por temer desmandos da cúpula partidária, responsável por
definir a ordem em que os candidatos apareceriam.
Chegou-se a cogitar punições
no partido, já que a Executiva e
o Diretório Nacional recomendaram a votação na lista fechada e no financiamento público
de campanhas. A idéia de eventuais processos disciplinares
foi abandonada pela direção
em prol da defesa da Constituinte. "Houve um momento
de divisão, já superado", diz o
petista.
(MALU DELGADO)
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