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Em visita ao México, Lula critica protecionismo dos EUA
Presidente diz querer aproximar países; ele pediu apoio a mercado de biocombustíveis, mas deve assinar acordo sobre petróleo
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem ao
México, onde vai participar de
seminário com empresários e
com o colega mexicano Felipe
Calderón. Ele resumiu assim
sua presença no país: "Estou
aqui para vender a imagem do
Brasil, os produtos brasileiros,
e para comprar a imagem dos
produtos do México".
Lula classificou como "extremamente importante" sua visita ao país e ressaltou que tem
trabalhado para que o México
se aproxime cada vez mais da
América Latina e do Sul.
"Temos trabalhado numa expectativa de que as duas maiores economias da América Latina possam desenvolver ainda mais a sua relação comercial, a
sua relação científico-tecnológico. Ou seja, temos muito a
aprender e a ensinar", afirmou.
Em artigo publicado no jornal "El Universal", um dos
maiores do México, ontem, Lula fez uma crítica velada aos Estados Unidos ao defender que
"no nosso continente, não necessitamos muros".
Ele pediu apoio à tentativa de
estabelecer um mercado mundial de biocombustíveis, principal projeto do presidente no
campo energético.
Nos próximos dias, o presidente passará por Honduras,
Nicarágua, Jamaica e Panamá.
No texto, Lula diz que México e Brasil devem compartilhar
"objetivos e aspirações" e defende uma América Latina
"economicamente integrada,
socialmente solidária e politicamente democrática".
É um passo para tentar dirimir a rivalidade entre os países,
principais economias latino-americanas, que conviveram
praticamente "de costas" uma
para a outra durante os últimos
15 anos.
Agora, e ironicamente sob a
gestão do conservador Felipe
Calderón, Brasil e México acenam com o desejo de ficar mais
próximos.
Ao defender a integração,
disse: "Precisamos de estradas,
pontes, gasodutos e linhas de
transmissão. A verdadeira integração demanda que circulem
livremente não só mercadorias
e serviços mas também pessoas
e idéias".
A frase é uma crítica velada
ao protecionismo americano,
não só o comercial. Um ponto
sensível na relação México-EUA é o muro que os americanos erguem na fronteira.
Petróleo
Lula expressa no artigo o desejo de contar com o México
"na campanha para estabelecer
um mercado mundial para
combustíveis mais limpos, baratos e renováveis".
Mas também fala em petróleo. Na visita, é esperada a assinatura de um memorando de
entendimento para aproximar
a Petrobras e a estatal mexicana Pemex.
Hoje, haverá um seminário
entre empresários brasileiros e
mexicanos, com a participação
de Lula e Calderón. Presidente
da CNI, Armando Monteiro
disse que o objetivo é tentar
ampliar e rever acordos de redução de tarifas entre os dois
países para alguns produtos.
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