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PT quer apuração de contratos sob Alckmin
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
De posse da informação de
que o Brasil está na lista de países onde a Siemens teria pago
propina em troca de contratos
públicos entre 2000 e 2006, a
bancada do PT da Assembléia
paulista pediu ontem ao Ministério Público que investigue os
negócios da multinacional com
o governo do Estado, sob comando dos tucanos no período.
Segundo os deputados estaduais petistas, só na gestão do
ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), hoje candidato à
prefeitura da capital, foram fechados 44 acordos com a empresa, num total de R$ 1,04 bilhão. Alguns deles são em consórcio com a Alstom, suspeita
de pagar propina a tucanos,
também em troca de contratos.
No caso da Siemens, as autoridades da Alemanha, onde
funciona a sede da multinacional, não estabeleceram até agora conexão com o governo paulista. Mas a oposição diz que,
como a empresa tem parcerias
com a Alstom no Estado, pode
ter usado o mesmo esquema.
Um dos contratos da Siemens, firmado em 2002 com a
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos) a um
valor de R$ 55,4 milhões, foi
considerado irregular pelo
TCE (Tribunal de Contas do
Estado). "As autoridades têm
de descobrir se o que motivou o
Executivo a cometer irregularidades foi o pagamento de propina", afirmou o líder da bancada petista, Roberto Felício.
Ele nega motivação política
na iniciativa -Alckmin disputa
o primeiro lugar nas pesquisas
com Marta Suplicy (PT) na sucessão paulistana. "Não estamos pedindo investigação sobre o candidato, e sim sobre o
ex-governador", disse Felício.
O esquema da Siemens foi revelado por uma série de reportagens do diário americano
"The Wall Street Journal", reproduzidas pelo jornal "Valor
Econômico". A própria empresa detectou sérias irregularidades em sua contabilidade.
Além das representações encaminhadas aos Ministérios
Públicos Estadual e Federal,
que incluem contratos da empresa com o governo paulista
de 1990 até este ano, o PT iniciou a coleta de assinaturas para criar a CPI da Siemens.
As chances de a investigação
parlamentar sair do papel, no
entanto, são remotas, já que o
governador José Serra (PSDB)
tem ampla maioria na Assembléia e costuma barrar, via líderes, os pedidos de apuração que
têm tucanos como alvo.
"Fica fácil para o Alckmin dizer que não tem ficha suja, já
que nunca deixou que apurassem nada contra ele", afirmou o
deputado estadual Ênio Tatto,
lembrando que o ex-governador também barrava todas as
investigações que poderiam incomodá-lo na Assembléia.
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