São Paulo, Sexta-feira, 06 de Agosto de 1999
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PAINEL


Esperteza antecipada
A reforma ministerial, na qual FHC deixou claro que os aliados não influenciaram nada, e o fato de a coordenação política ser toda do PSDB deram ao PFL e ao PMDB a desculpa para anteciparem o descolamento do governo. A manobra estava prevista para ocorrer nas vésperas da eleição de 2000.

Plano antigo
A idéia dos pefelistas e dos peemedebistas era marcar diferenças com o governo e com o PSDB de forma gradual. Depois do pleito municipal do ano que vem, veriam o cacife de cada sigla para decidir como jogariam na sucessão de 2002.

O pobre também é meu
Há uma avaliação dos aliados do presidente de que não será uma boa bandeira defender o governo no ano que vem. Temem que a oposição cresça. O discurso social de ACM, portanto, não é só um contraponto a FHC, mas uma forma de não deixar Lula e os petistas empunharem sozinhos a bandeira de combate aos excluídos.

Caiu a ficha
De FHC, em uma reunião nesta semana com tucanos, sobre ACM: ""Ele só atrapalha".

Mágoa e pressão
"Além de ter deixado claro que os partidos não apitaram nada na reforma ministerial, FHC errou ao não levar em conta com qual ânimo os parlamentares voltariam de suas bases, onde os índices do presidente nunca estiveram tão ruins", diz Henrique Alves (PMDB), sobre a má vontade do Congresso com o governo.

Moratória
David Zylberzstajn (ANP) fechou acordo com as distribuidoras de combustível para que, no prazo de um ano, não seja criado mais nenhum posto no qual o consumidor abastece o próprio carro. O setor emprega cerca de 250 mil frentistas no país. Com o desemprego em alta, o compromisso evita novas demissões.

Orelhas quentes
A dupla Serra-Malan continua a protagonizar o principal duelo do governo, mas FHC está preocupado com uma briga que julga mais violenta. Clóvis Carvalho (Desenvolvimento) acha que Serra faz, nos bastidores, campanha na mídia para desmoralizá-lo. E o ministro da Saúde não esconde que julga Carvalho um gerente fraco.


Jogo pesado
Serra jogou com os tucanos para derrubar Clóvis Carvalho da Casa Civil. Vendo que a queda era inevitável, Carvalho buscou apoio em Pedro Malan, que o bancou no Desenvolvimento. Além de ter ficado credor de Carvalho, o ministro da Fazenda colocou na área econômica um nome que não ameaça sua hegemonia.

Alerta vermelho
Antonio Lavareda, marketeiro oficial do Planalto, fez avaliação pessimista a respeito da popularidade de FHC anteontem, quando esteve em Brasília. Com o Plano Real começando a perder prestígio, os índices de popularidade do presidente podem não estar no fundo do poço. Haveria espaço para caírem ainda mais.

Idéia abatida
Não vingará o projeto Marcos Cintra-Fleury de emenda ao relatório da reforma tributária. Um acordo na comissão especial, que une PFL, PMDB, PSDB e até o PT, dinamitará qualquer texto que signifique atrasos para a votação da proposta de Mussa Demes (PFL-PI).

É melhor prevenir
FHC tenta implodir a formação do bloco PTB-PL. Por temer que ele atraia governistas insatisfeitos com o Planalto, se a iniciativa for séria, ou que seja apenas para barganhar, o que é ruim do mesmo jeito. O presidente não quer dar chance de criação de uma nova força que possa atrapalhar seus planos no Congresso Nacional.

TIROTEIO
De Inocêncio Oliveira (PFL-PE), sobre relação entre os partidos aliados e o governo após a reforma ministerial, que reforçou a posição do PSDB no Congresso:
- Os tucanos é que têm o dever e a obrigação de defender o governo em tudo. Os outros partidos têm o dever da lealdade, mas só até onde o interesse do governo não se contrapuser aos interesses programáticos de cada legenda.

CONTRAPONTO
Fidel de batina
Na sexta-feira passada, Mário Covas participou da inauguração do campus de uma universidade em Sorocaba.
Com a agenda apertada, Covas demonstrava estar um tanto quanto impaciente. Pretendia, após os discursos de praxe, voltar rapidamente para São Paulo.
O programa estabelecia que o governador seria o último a discursar, logo após um padre.
Tudo corria bem. Os discursos estavam sendo breves e daria para manter a agenda. Até que chegou a vez do padre.
Animado, o sacerdote começou a atirar para todos os lados. Por 50 intermináveis minutos, tratou de política, criticou a economia e falou sobre diversos problemas locais.
Quando terminou, Covas, que também gosta de falar muito, não se conteve, provocando sorrisos contidos nos assessores:
- Padre, uma coisa eu aprendi. Só há dois tipos de discursos: os bons e os longos.
Virou-se para o público, elogiou a obra e foi embora em menos de um minuto.



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