São Paulo, sábado, 6 de setembro de 1997.



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ELEIÇÕES
Ex-prefeito diz que disputa ao governo de SP será entre 'galo de briga' e 'galinha morta', em referência a Covas
Maluf incorpora 'frangogate' à campanha

CLÁUDIA TREVISAN
da Reportagem Local


O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB) lançou ontem um de seus motes para a campanha ao governo do Estado do próximo ano: "Vai ser o galo bravo, que sou eu, contra a galinha morta".
A "galinha morta" era uma referência ao governador do Estado, Mário Covas (PSDB), virtual adversário de Maluf em 98.
Maluf apresentou seu mote durante entrevista coletiva em sua casa, concedida depois de café da manhã oferecido ao presidente do Líbano, Elias Hraoui. A frase de Maluf foi uma resposta sobre proposta de slogan do ex-governador Franco Montoro (PSDB) para a campanha de Covas: "O tucano contra o frango".
Tanto o mote do pepebista quanto o slogan tucano são inspirados nas acusações de irregularidade na compra de frangos pela Prefeitura de São Paulo na gestão de Maluf (1993-96).
O Ministério Público de São Paulo investiga contrato do município com a empresa A D'Oro, do cunhado de Maluf Fuad Lutfalla.
A A D'Oro forneceu coxas e sobrecoxas à prefeitura entre agosto de 96 e fevereiro de 97. Durante esse período, a empresa comprou frangos vivos da granja Obelisco, pertencente à mulher de Maluf, Sylvia, e à sua filha Ligia.
Outras farpas
Essa investigação já inspirou outras trocas de farpas entre os prováveis adversários de 98. No início de agosto, Covas apelou ao trocadilho: "Existe um escândalo dos frangos? Isso é muito penoso".
Pouco depois, Maluf rebateu. "Os que não sabem cantar de galo, o que é o caso do PT e do Mário Covas, querem inventar o frango".
Sempre que pode, o pepebista faz referências à suposta inoperância de Covas, como ocorreu com a "galinha morta".
Na mesma entrevista, ontem, afirmou que o Estado "está parado há dois anos e sete meses". No dia 13 de agosto, Maluf dava declarações na mesma linha: "Ele (Covas) é um homem indeciso, diria até preguiçoso". Ontem, a Folha tentou entrar em contato com Covas, mas sua assessoria informou que ele estava no interior e não havia como encontrá-lo.
Maluf mostrou-se contrariado com pergunta da Folha sobre as dificuldades enfrentadas pelo seu sucessor, Celso Pitta (PPB), frente a um quadro aparentemente mais favorável ao governo estadual.
O ex-prefeito chamou a repórter de "covista" e "secretária de imprensa do governo do Estado de São Paulo". Quando instado a fazer sua análise da situação da prefeitura e do Estado, disse que sua opinião é baseada em pesquisas.
Segundo Maluf, as pesquisas mostrariam que ele e Celso Pitta estão em melhor posição que Covas junto aos eleitores.
A Prefeitura de São Paulo enfrenta hoje uma grave crise financeira, com uma dívida de curto prazo de R$ 1,2 bilhão. Para tentar equilibrar o caixa, Pitta tem feito cortes em áreas sociais.
Vice
Maluf disse que seu candidato a vice será indicado pelo PFL, se for feita coligação com esse partido.
O nome do ministro de Assuntos Políticos, Luiz Carlos Santos, que anunciou sua filiação ao PFL, é "excelente", disse Maluf. Mas acrescentou: "Se existe uma coligação prevista com o PFL, é o PFL que vai indicar o nome".
O apoio do PFL é disputado por Covas e Maluf. O partido coligou-se a Covas na última eleição, mas deixou formalmente o governo quando apoiou Pitta em 96.



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