São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2005

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CORREIOS

CPI quer indiciamento de ex-diretoria

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios deve pedir o indiciamento, na próxima semana, de toda a ex-diretoria dos Correios por improbidade administrativa. A suspeita é de irregularidades nos processos de licitação, na assinatura de contratos e na prorrogação automática da prestação de serviços. Também deve ser pedido ao Ministério Público o reembolso dos recursos supostamente desviados na estatal.
Apesar de cada diretoria ser responsável pelas licitações feitas em sua área, o servidor Mauricio Marinho, ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material, afirmou, em depoimento à CPI, que os contratos de grande valor eram submetidos ao colegiado, formado pelas cinco diretorias e a presidência. Portanto as decisões seriam solidárias.
"No que forem decisões colegiadas, todos são co-responsáveis", afirmou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que deve apresentar o relatório parcial na próxima quinta-feira.
A investigação da comissão está centrada na gestão dos presidentes Airton Dipp e João Henrique de Almeida Souza.
Nessa época a diretoria era formada por Antônio Osório (Administração), Eduardo Medeiros (Tecnologia), Robinson Khoury (Recursos Humanos), Carlos Eduardo Fioravante da Costa (Comercial) e Ricardo Henrique Suner Caddah (Financeiro).
A comissão também deve pedir no relatório parcial a proibição do aditamento dos contratos da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) nos quais foram identificadas irregularidades. Era comum o reajuste automático de 25%, o máximo permitido.
A CPI dos Correios está analisando, com o TCU (Tribunal de Contas da União), 38 contratos, mas no documento devem ser citados apenas seis.
Ainda de acordo com Serraglio, foram identificadas até agora fraudes em licitações, superfaturamento, tráfico de influência e peculato (vantagem obtida por funcionário público).

"3.000 contratos"
A assessoria dos Correios informou que a diretoria da estatal está colaborando com as investigações para apurar as denúncias de corrupção envolvendo a empresa.
Para os Correios, o fato de a CPI estar analisando 38 contratos não significa que a corrupção está instalada em toda a empresa -a ECT assina, em média, 3.000 contratos por ano.
Entre as empresas que constarão no documento, segundo o relator, estão a Novadata, cujo proprietário Mauro Dutra é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dutra nega as irregularidades e aguarda que a comissão o chame para prestar esclarecimentos.


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