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ELEIÇÕES 2008 / GÊNERO
Mulheres não atingem 30% das vagas
Candidatas não preenchem em nenhum Estado o limite mínimo exigido pela lei
Não houve grande mudança ao longo das eleições: hoje as mulheres são 10% dos candidatos às prefeituras; em 2004, elas eram 9,5%
THIAGO REIS
CÍNTIA ACAYABA
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
Em nenhum Estado do país
as mulheres que tentam chegar
às prefeituras representam os
30% das candidaturas estipuladas por lei. Também em nenhum Estado atingem o índice
na luta por vagas nas Câmaras.
É o que mostra levantamento
feito pela Secretaria Especial
de Políticas para as Mulheres,
da Presidência da República,
com base em dados do TSE
(Tribunal Superior Eleitoral).
Apesar de a lei 9.504, de 1997,
determinar que partidos ou coligações reservem 30% das candidaturas a um dos sexos, a norma quase nunca é cumprida.
O Amapá tem o maior percentual de mulheres concorrendo às prefeituras: 17%. Para
vagas nas Câmaras, Mato Grosso do Sul lidera: 25%.
Para Sônia Malheiros, subsecretária de Articulação Institucional da secretaria, fatores
culturais explicam o fato: "As
mulheres sempre tiveram uma
educação que sinalizava que
política era feita por homens. A
sobrecarga de responsabilidade familiar sobre as mulheres
também as amarra".
Não houve muitas mudanças
ao longo das eleições. Hoje, as
mulheres são 10% dos candidatos às prefeituras. Em 2004,
eram 9,5%. Para o Legislativo, o
índice (22%) se manteve. Para
tentar reverter o quadro, a secretaria fez a campanha "Mais
mulheres no poder, eu assumo
esse compromisso!".
Um estudo feito pela cientista política Marlise Matos, da
UFMG, revela que as mulheres
são só 12% no STJ, 12% nas Câmaras Municipais, 8% nas prefeituras e 9% na Câmara dos
Deputados. Matos cita números da ONG Inter-Parliamentary Union para mostrar que o
Brasil aparece na 142ª posição
entre 188 países com participação feminina na política -atrás
de Cazaquistão e, na América
do Sul, só à frente da Colômbia.
Nas capitais, poucos partidos
conseguiram cumprir os 30%.
O PC do B foi o que mais chegou
perto ao atingir a marca em 12
cidades (menos da metade).
Para Malheiros, o problema é
não haver sanção para os partidos. Segundo Matos, as legendas usam uma manobra para
driblar a meta. Se têm direito a
lançar 30 candidatos e colocam
só 29 na disputa, ficam desobrigados a cumprir a cota porque
não conseguiram nem preencher o mínimo de vagas.
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