São Paulo, domingo, 6 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANGÚSTIA
O eletricista Davi Lourenço perdeu a mãe soterrada e teve a perna direita presa por uma viga que desabou
'Estávamos buscando o Espírito Santo quando aconteceu a tragédia', diz fiel

Heitor E. Nickel/Folha Imagem
Bombeiros resgatam ferido durante a madrugada, logo após o desabamento do teto do templo da Igreja Universal do Reino de Deus


da Reportagem Local

Após o desabamento do teto da Igreja Universal, seguiu-se um silêncio de 30 segundos antes do início do trabalho de resgate, segundo o depoimento do eletricista Davi Lucas Lourenço, 34.
"A gente estava buscando o Espírito Santo quando ocorreu a tragédia. Tivemos de superar as emoções para ajudar as pessoas."
Lourenço perdeu a mãe, Maria Diva Lourenço, 60, que foi soterrada. Ele teve a perna direita presa em uma viga que desabou.
A obreira da Universal Elizângela Cantoso Santos Goes, 17, corria risco de vida caso suas pernas não fossem amputadas, segundo afirmava sua mãe, Rose.
Rose tentava conseguir um meio de transporte que a levasse do Hospital das Damas, em Osasco, para o Hospital das Clínicas, onde Elizângela foi internada, para autorizar a cirurgia.
Às 12h50 de ontem, Margarete Simioni teve de ser retirada em estado de choque do IML de Osasco, em uma maca, após reconhecer o corpo do ex-marido, Raul Rodolfo Campos Rosales.
Eles estavam separados havia três anos e, agora, tentavam uma reconciliação. "Na quarta-feira, ele já tinha falado com nossos filhos e hoje (ontem) ele os encontraria", disse.
Maria Ferreira dos Santos e Rosimeire Rodrigues de Melo, amigas e obreiras da Igreja Universal, estavam no local na hora em que aconteceu o desabamento.
Um irmão de Maria, Cláudio, disse que ela chegou a telefonar para a sua madrinha durante a madrugada avisando "que estava machucada e iria ajudar as outras pessoas".
Até as 10h30 de ontem, Cláudio e a mãe de Rosimeire, Clotilde, haviam passado por quatro hospitais, sem conseguir informações.
Sem saber o paradeiro da irmã, a costureira Maria de Fátima da Costa, 44, chegou ao Hospital Antonio Giglio no início da tarde de ontem e encontrou o nome dela -Ana Germana Rafael- na lista afixada na porta.
Logo que descobriu que a lista trazia o nome dos mortos, saiu gritando desesperada. Ela teve de ser amparada pelos enfermeiros e foi levada para tomar calmante.
No mesmo hospital, a agonia de Ermínia Studizieski foi aliviada. Foi ali que ela achou o marido, o obreiro da Universal Valmerao dos Santos, 34, e a filha, Jaqueline Studizieski dos Santos, 11, por quem procurara toda a noite.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.