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Análise das informações do levantamento exige cautela
MAURO FRANCISCO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
A interpretação dos resultados das pesquisas Datafolha publicadas hoje exige
cautela. O levantamento não
é totalmente preditivo em
relação ao que irá ocorrer
nas urnas neste domingo.
Às vésperas da eleição,
26% mostravam-se ainda indecisos na pergunta espontânea, 18% dos que escolheram algum candidato ao serem estimulados com os nomes admitiam ainda mudar
o voto, 33% desconheciam o
número de seu candidato à
presidente, e 16% esperavam
ter dificuldades em votar na
urna eletrônica.
Essas características estão
mais concentradas na faixa
do eleitorado de baixa escolaridade, do sexo feminino e
com idade acima de 45 anos.
É um número suficiente para provocar mudanças que
alterem as mínimas diferenças que separam a decisão
sobre a realização de segundo turno e, em havendo,
quem será o adversário de
Lula.
Último momento
Há portanto um número
significativo de eleitores deixando a decisão para o último momento.
São passíveis de influência
das ondas de repercussão do
último debate, do noticiário
noturno da TV, do direito de
resposta de Serra na noite de
ontem, dos últimos resultados de pesquisas, das conversas finais com amigos e
parentes e do clima nas proximidades do local de votação.
São também eleitores que
têm maior propensão a errar
o voto. Não é possível garantir ainda que, da forma como
está formatada, a urna eletrônica seja um instrumento
adequado para o eleitor de
baixa escolaridade expressar
seu voto.
Comparações entre votações semelhantes na urna
tradicional em relação à urna eletrônica mostram que
cresce a taxa de votos nulos,
devido a erros, enquanto
caem votos brancos.
Problemas
Um forte indício de que há
erros na urna eletrônica é
que, nas eleições para governo dos Estados em 98, por
exemplo, a taxa de votos
brancos e nulos foi menor
no segundo turno do que no
primeiro.
Seria lógico que os que
anularam o voto no primeiro turno repetissem a opção
no segundo, acrescidos de
parte dos que votaram em
outros candidatos. Em São
Paulo, por exemplo, ocorreram 14,7% no primeiro turno, caindo para 7,7% no segundo.
Os números de hoje expressam, portanto, a opinião
dos eleitores antes das últimas influências e não capta
os possíveis erros na urna
eletrônica.
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