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SÃO PAULO
Para pepebista, polarização entre Lula e Serra evitaria um eventual apoio de petistas a Alckmin
Maluf espera ajuda de 2º turno presidencial
Ormuzd Alves/Folha Imagem
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O candidato Paulo Maluf (PPB) reza na Basílica de Nossa Senhora Aparecida |
JOÃO CARLOS SILVA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Paulo Maluf, 71, passará o dia de
hoje torcendo por dois resultados
nas urnas: quer chegar ao segundo turno com seu principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin,
e espera ver José Serra (PSDB) ser
alçado à disputa presidencial com
o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
A soma desses dois resultados
traduz o que Maluf e sua equipe
de campanha contam ser o melhor cenário para vencer o segundo turno e afastar definitivamente
o estigma pesado de suas derrotas
-o pepebista já perdeu sete das
dez eleições que disputou.
Segundo a estratégia pepebista,
com José Genoino (PT) fora do
páreo estadual, uma polarização
entre Lula e Serra na campanha
nacional neutralizaria um eventual apoio de petistas ao governador Geraldo Alckmin. Em contrapartida, Maluf evitaria a formação
de uma ampla frente de oposição
à sua candidatura.
"Você pode admitir que, tendo
um segundo turno [com" Lula e
Serra, no momento em que Serra
criticar Lula, você acha que os petistas de São Paulo vão votar em
tucano?", disse Maluf à Folha na
última quinta-feira.
O posicionamento de Maluf
mostra, mais uma vez, que o ex-prefeito (69-71 e 93-96) e ex-governador (79-82) não mede esforços para vencer uma eleição.
"Não é que eu precise de segundo turno. É que, havendo um segundo turno para presidente, a
composição de forças em um colégio eleitoral é outra. Qualquer
candidato à Presidência vai adorar ter os 7 milhões, 8 milhões de
votos de Maluf", disse.
Apesar de dizer que "qualquer"
candidato à Presidência gostaria
de ter seus votos, o recado de Maluf tem direção certa: o petista Lula. Maluf, que em eleições passadas se referia ao PT como o "partido da baderna", evitou a todo custo polemizar com Genoino e chegou até a criar a fictícia chapa "Luma", numa referência ao nome de
Lula e ao dele.
E se não houver segundo turno
na campanha nacional? Caso isso
ocorra, Maluf já preparou suas armas para voltar ao governo estadual -cargo que nunca conseguiu por meio de eleições diretas.
Foi eleito governador em 1978 por
um colégio eleitoral.
"Vou mostrar que sou o mais
competente, o mais experiente, o
que tem as melhores condições de
combater o crime", brada o pepebista, com sua voz metálica e nasalada, em tom de discurso de
programa eleitoral.
Derrotas
Nesse discurso, que só tem a tecla da vitória, Maluf se recusa a
deixar que carimbem nele o rótulo de derrotado para o governo de
São Paulo, como ocorreu no segundo turno das disputas de 1990
e de 1998. Nos dois anos, Maluf
terminou o primeiro turno em
primeiro lugar, mas acabou atropelado por derrotas de última hora, na boca-de-urna, por Luiz Antonio Fleury Filho e por Mário
Covas, respectivamente.
"Mário Covas [no primeiro turno da eleição de 98" estava em
quarto [lugar" e ganhou a eleição
[no segundo turno". Segundo turno, ou você considera que é outra
eleição, ou você desinforma seu
leitor", insiste o ex-prefeito.
A crença na vitória é tanta que
Maluf já tem planos. "Seria bom
que São Paulo tivesse um governador com 90 anos combatendo o
crime e o desemprego", disse o
candidato, deixando claro que,
independentemente de seu desempenho hoje nas urnas, vai
continuar na vida pública.
Pessoas próximas dizem que o
incansável Maluf vê na possibilidade de voltar ao Palácio dos Bandeirantes um trampolim para disputar a Presidência em 2006. Se
perder esta eleição, pode voltar a
concorrer à Prefeitura de São
Paulo em 2004.
Depois de 35 anos de vida pública, Maluf também aparenta estar
mais emocional e obsessivo em
sua imagem e na sua biografia.
"Se em São Paulo, quando eu
completar cem anos de idade, todo mundo quiser se comparar ao
Paulo Maluf, eu com certeza estarei lá no céu, mas vou ficar muito
feliz porque em vida terei sofrido
muita injustiça, muita perseguição, muita acusação sem provas."
Ele não mencionou um caso sequer, mas na atual campanha se
preparou para enfrentar ataques
de adversários, tanto que deixou
em sua produtora dez respostas
previamente gravadas em vídeo
para o caso de ter de dar explicações no programa eleitoral de TV.
Seu marqueteiro, José Maria
Braga, não revelou o conteúdo
das fitas, mas Maluf, durante a
campanha, negou repetidas vezes
que tenha contas no exterior e
desculpou-se pelo "erro" de ter
pedido que não votassem mais
nele caso Celso Pitta não fosse um
bom prefeito. Uma dessas respostas foi ao ar na última semana. Na
tela, um humilde Maluf reconhece ter cometido "alguns erros" e
diz já ter sido punido nas urnas.
"Porém tive mais acertos do que
erros", arremata.
Na atual campanha, Maluf
bombardeou Alckmin com ataques repetitivos ao seu desempenho nas áreas da segurança, da
educação, da saúde e do emprego.
Exibiu dezenas de vezes manchetes de jornais que tirava de um
dossiê montado por sua assessoria e entregue momentos antes de
cada entrevista.
Apesar de considerar ter feito
uma campanha "elegante", chamou o atual governador de todos
os nomes que encontrou pelo caminho. De mentiroso e covarde a
"Geraldo Maluquinho", em referência ao traficante Elias Maluco,
preso no Rio no mês passado.
Com material de campanha
bem aquém do de outras disputas
e tempo de dois minutos e 19 segundos na TV, sua equipe definiu
uma estratégia em busca de visibilidade. Por isso tantas entrevistas
foram concedidas a rádios do interior -cerca de dez por dia.
Para chamar a atenção, chegou
a anunciar empresas que supostamente deixariam São Paulo por
falta de incentivo fiscal -o que
foi desmentido depois pelos empresários. Ele também ressuscitou a liberação de pedágios durante a madrugada, medida que
vigorou quando era governador.
Nas carreatas que fez, Maluf se
equilibrou em camionetes e suportou andar, durante cinco horas ou mais, em jipes por São Paulo e pelo interior.
Sem apoio dos cerca de 500 prefeitos, como tem Alckmin, ou de
prefeituras de cidades como São
Paulo, Campinas e Ribeirão Preto, como tem Genoino, o pepebista não se incomodou de fazer dobradinha com candidatos a deputado estadual e sair pelas ruas distribuindo brindes.
Quando fala do assunto, recorre
a uma comparação num tom que
lembra a campanha do "bem"
contra o "mal" feita por Covas em
98 e se vangloria dos seus eleitores. "Minha imagem é excepcional. Ninguém tem 7 milhões de
votos quase sem partido, sem dinheiro e sem estrutura."
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