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MARANHÃO
Coronel ligado a candidato da família Sarney é suspeito de levar dinheiro para a compra de votos
PF prende militar com R$ 371 mil
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS
A Polícia Federal prendeu ontem, em flagrante, no aeroporto
de São Luís, o coronel de reserva
do Exército Orlando Lima Pantoja, no momento em que ele iria
embarcar em um avião fretado,
levando R$ 371 mil em dinheiro a
Imperatriz (MA). Orlando Pantoja é cunhado do chefe de gabinete
do governador José Reinaldo Tavares (PFL), que disputa a reeleição com apoio da família Sarney.
José Reinaldo Tavares foi ministro dos Transportes de 1986 a
1990, no governo de José Sarney
(PMDB). Em 1990, elegeu-se deputado federal pelo PFL. Em 1994
e em 1998, foi eleito vice-governador na chapa de Roseana Sarney.
Pantoja vai responder a inquérito por suspeita de crime eleitoral.
Segundo o superintendente da PF
no Estado, Augusto Serra Pinto,
ele foi preso com base no art. 299
do Código Eleitoral (oferecer vantagem em troca de votos), que
prevê até cinco anos de prisão.
Pantoja, disse ele, recusou-se a informar a origem e a destinação do
dinheiro, alegando que só falaria
em juízo, e ficará preso no 24º Batalhão de Caçadores, do Exército.
Serra Pinto disse ver evidências
suficientes de que o dinheiro seria
usado na compra de votos.
O gerente da empresa de táxi aéreo dona do monomotor, a FAN,
que levaria o coronel a Imperatriz, José Joaquim Carvalho Nina,
depôs e disse que o aluguel do
avião foi encomendado pelo assessor do gabinete militar do governador, major Santos.
Segundo Serra Pinto, os R$ 371
mil (5.424 notas de R$ 50,00 e 998
notas de R$ 100,00) estavam em
duas caixas de papelão e em um
envelope pardo. O envelope estava endereçado a "Roque Neto" e
"Rocha Neto" enquanto as caixas
deveriam ser entregues a uma
mulher de nome "Vandira". Junto com os nomes, estavam anotados os celulares dos destinatários.
Roque Neto informou ser o
coordenador da campanha de
Reinaldo Tavares em Açailândia.
Rocha Neto seria o gerente regional Pedro Dantas Rocha Neto, representante do governo do Estado em Açailândia e ex-secretário
da Indústria e Comércio de Roseana. A Folha não conseguiu falar com ele, porque o telefone celular estava fora de área. Vandira
Peixoto é assessora do senador José Sarney em Brasília e coordenadora da coligação "O Maranhão
segue em Frente" em Imperatriz.
O superintendente da PF disse
não ver outro motivo para o
transporte de dinheiro que não a
compra de votos: "Estamos em
período eleitoral. A apreensão de
cédulas de R$ 50,00 e de R$ 100,00,
no final da campanha, para mim,
só é para a compra de votos. Não
tem outra finalidade. Mas quem
vai analisar o processo é o juiz".
A prisão de Pantoja resultou de
uma operação iniciada na noite
de sexta-feira. Os deputados federais Neiva Moreira (PDT) e Roberto Rocha (PSDB) e o deputado
estadual Aderson Lago (PDT)
procuraram o procurador eleitoral, Nicolao Dino Costa Neto, com
informações de que um avião estaria fazendo "vôos suspeitos" no
interior e deixando pacotes com
dinheiro para compra de votos.
O procurador mandou que rumassem para a sede do Ministério
Público Federal para oficializarem a denúncia e convocou o superintendente da PF. Com o prefixo do avião, fornecido pelos deputados, a PF teve acesso ao plano
de vôo do monomotor e descobriu que ele tinha um embarque
previsto no início da manhã. Com
base nisso, foi montado o flagrante. O superintendente e 25 agentes
da PF passaram a noite em claro.
Às 6h15, o coronel foi preso com o
dinheiro ainda na mala do carro.
O piloto do avião e o gerente da
empresa contaram que o mesmo
monomotor levou o coronel Orlando Pantoja a três cidades no interior do Maranhão, na sexta-feira. O avião saiu de São Luís, às
14h20, e fez pousos rápidos nas cidades de Codó e em Caxias. Em
seguida, foi a Teresina (PI) para
reabastecer e depois fez um terceiro pouso, em Pastos Bons.
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