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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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MEMÓRIA

Corpos de José Carlos Martinez e mais três pessoas ainda não haviam sido resgatados até o final da tarde de ontem

Acidente aéreo mata o presidente do PTB

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A localização por radares dos destroços de um avião monomotor no litoral do Paraná confirmou, por volta das 12h de ontem, a morte do presidente nacional do PTB, deputado federal José Carlos Martinez, 55. Apesar de não conseguir resgatar os corpos até o final da tarde de ontem, a equipe de buscas da FAB (Força Aérea Brasileira) considerava impossível haver sobreviventes.
Segundo soldados do Corpo de Bombeiros, o impacto contra o solo soterrou o avião, deixando à mostra apenas a parte traseira.
Estavam no vôo, além de Martinez, o piloto da aeronave, Cláudio Luiz da Luz, e os empresários amigos do político João Luiz Goebel e André Surugi.
Segundo informação oficial, o avião sumiu dos radares de controle do tráfego aéreo 17 minutos após decolar do aeroporto do Bacacheri, em Curitiba, às 9h30 de anteontem. O destino seria o aeroporto de Navegantes (SC).
A assessoria do deputado informou que ele e os amigos viajaram para pescar na baía de Piçarras (SC), onde a família do político mantém uma casa de veraneio.
O avião caiu na região do morro do Parati, entre dois picos da serra do Mar, em Guaratuba (PR). Uma equipe do Corpo de Bombeiros da cidade, que fazia buscas de helicóptero, conseguiu a localização visual da aeronave por volta das 13h40 de ontem, segundo o tenente Ícaro Gabriel Greinert.
A FAB assumiu a exclusividade do resgate cerca de uma hora depois, mas o tempo não ajudou e os dois helicópteros da Força encontraram dificuldades para chegar ao local da queda. A área é cheia de acidentes geográficos e uma neblina espessa cobriu a serra do Mar o dia todo. Os corpos devem ser resgatados apenas hoje.
Site do DAC (Departamento de Aviação Civil) informava até ontem que o monomotor prefixo PT-OTR, fabricado pela Maule Aerospace, em que viajava Martinez, constava como irregular. Segundo o site, a aeronave estava com o Certificado de Aeronavegabilidade suspenso pelo fato de a inspeção anual estar vencida desde 5 de junho deste ano, e "por ter o seguro aeronáutico irregular".
Mas o órgão informou ontem que a aeronave estava regularizada. Segundo a assessoria de imprensa do DAC, o seguro aeronáutico e a IAM (Inspeção Anual de Manutenção) da aeronave foram pagos no mês passado. O seguro no dia 11. Já o IAM, no dia 22.
""Houve uma demora na atualização do sistema, mas a aeronave tinha condições de vôo. Além disso, sempre alertamos que os dados estão sujeitos à confirmação com o DAC", disse a assessora de imprensa Elizabeth Vieira.
Em Brasília, ontem, antes da confirmação da morte de Martinez, o ministro José Viegas (Defesa) criticou o fato de o avião não ter plano de vôo. "Que isso sirva de exemplo para que ninguém cometa os erros tão frequentemente cometidos pelos pilotos particulares, de sair aventureiramente pelo espaço, sem plano de vôo e sem nenhuma coordenação."
O ministro estava na abertura de uma exposição em homenagem a Santos Dumont, no Palácio do Planalto. O porta-voz do Comando da Aeronáutica, tenente-coronel Paulo Sérgio Mebs, disse que o prazo para concluir a apuração do acidente é de 90 dias.
O secretário-geral do PTB, deputado Luiz Antônio Fleury Filho (SP), disse à Agência Folha que Martinez tinha comprado o avião há pouco tempo. O corpo do deputado deve ser velado na Assembléia Legislativa do Paraná.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Sucursal do Rio


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