São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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RIO DE JANEIRO

Ex-governador diz que sai porque faltaram só 2 pontos para petista ganhar; pedetista, que ficou em 3º, disputará novo pleito

Moreira Franco desiste do 2º turno em Niterói

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador Wellington Moreira Franco (PMDB), 59, anunciou ontem sua desistência de disputar o segundo turno da eleição para a Prefeitura de Niterói (cidade a 15 km do Rio). Ele concorria pelo PMDB. Seu adversário seria o prefeito Godofredo Pinto (PT), que agora enfrentará o pedetista João Sampaio.
A desistência de Moreira Franco surpreendeu a política fluminense. Ele estava em campanha aberta desde a eleição de 2000. Nestes quatro anos, Moreira Franco espalhou pelo município outdoors e cartazes e apareceu na TV enaltecendo suas realizações quando foi prefeito de Niterói, de 1977 a 1982.
No primeiro turno, o candidato do PT teve 47,97% dos votos, contra 22,48% de Moreira Franco e 14,42% de Sampaio, prefeito de Niterói de 1993 a 1996 e que tem o apoio do também ex-prefeito Jorge Roberto Silveira, maior cacique político da cidade.
Moreira Franco creditou a desistência ao "resultado das urnas", que, segundo ele, mostrou que a população de Niterói "está satisfeita com o governo que está aí [o de Godofredo Pinto]". O documento em que anunciou a desistência foi protocolado na 199ª zona eleitoral, em Niterói.
Segundo Moreira Franco, a decisão foi maturada em conversas com líderes do PMDB no Estado, entre eles o senador Sérgio Cabral Filho. O ex-candidato disse que as conversas abordaram apenas o panorama eleitoral e as possibilidades do PMDB nas disputas do segundo turno em Niterói, Nova Iguaçu, Campos, São João de Meriti e Duque de Caxias (cidades do Estado onde o prefeito só será conhecido no final do mês).
Moreira Franco negou que a desistência faça parte de uma manobra orquestrada pelo ex-governador Anthony Garotinho, presidente estadual do PMDB, para que Godofredo seja derrotado.
De acordo com essa análise, com o apoio do PMDB, Sampaio teria mais chances contra o petista, dono de um índice alto de rejeição. Especula-se a ida do grupo político de Garotinho para o PDT ainda neste ano, onde ele teria espaço para concorrer à Presidência da República. Seria, então, importante para ele derrotar o PT e eleger um pedetista na segunda mais importante do Estado.
Segundo Moreira Franco, Garotinho e sua mulher, a governadora Rosinha Matheus, só souberam da desistência após ter sido anunciada em entrevista. "Eles ficaram surpresos", disse.
Garotinho esteve à tarde reunido com Sampaio e Silveira. O acordo deverá ser formalizado hoje em reuniões entre as cúpulas dos diretórios estaduais do PDT e do PMDB. "O apoio dele veio a mim. Não vejo incoerência. O PFL apóia o PT em Niterói e Nova Iguaçu. São questões locais", disse Sampaio à noite. "Não só aceito a presença do Garotinho e da governadora como de qualquer um que queira participar da campanha", afirmou o pedetista.
Godofredo Pinto disse não ter condições de avaliar o que há por trás da desistência, mas que considera que "do casal Garotinho se pode esperar tudo". Disse não fazer o mesmo juízo de Sampaio.


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