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MT acusa empresa de grilar
300 mil ha
Segundo Procuradoria, grupo CR Almeida usou laranjas para alienar terras no Estado na década de 80
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O Estado de Mato Grosso
acusa a empreiteira do grupo
CR Almeida de ter se beneficiado com a grilagem de 303 mil
hectares de terras públicas.
O grupo é o mesmo da Ecovias, que administra o sistema
Anchieta-Imigrantes (SP).
Segundo ações da Procuradoria-Geral do Estado ajuizadas entre abril e o mês passado,
em meados da década de 1980
foram usados "laranjas" para
alienar as áreas, que correspondem ao dobro da extensão da
cidade de São Paulo. No total, a
fraude pode envolver em torno
de 489 mil hectares.
Pela legislação da época, empresas não podiam adquirir
terras públicas. Para pessoas físicas, havia um limite de 3.000
hectares. Acima disso, deveria
ser aprovado pelo Senado.
Por isso, ao menos 172 pessoas, a maior parte do Paraná
(sede do grupo CR Almeida),
conseguiram, por meio de licitação, pequenos lotes das cinco
glebas intituladas São Tomé, na
cidade de Apiacás.
Mas, antes mesmo de registrarem as terras, assinaram
procuração em nome de Armando Santos de Almeida outorgando direitos sobre as terras, segundo a Procuradoria.
Com essa procuração, Almeida transferiu -por meio de
uma intermediária- as propriedades a 35 empresas suas.
Todas tinham nomes de pássaros, como Colonizadora
Agropastoril e Madeireira Rouxinol, e foram registradas no
mesmo endereço.
A CR Almeida e a Madeireira
e Agropecuária Sópau, que tem
entre seus acionistas Henrique
do Rego Almeida, irmão do fundador da empreiteira e seu ex-vice-presidente, compraram as
empresas em 1995. As ações
não citam valores do negócio.
No "rateio", as 22 empresas
que a primeira adquiriu controlavam 303 mil hectares. As
13 empresas que foram para a
Sópau tinham 186 mil hectares.
Depois, afirma o Estado, parte delas foi vendida para terceiros e parte continua nas mãos
da Sópau ou da Madeireira e
Colonizadora Biguá Ltda., hoje
chamada Masterbrás Empreendimentos Ltda. -que
tem Henrique como acionista.
No dia 20 de agosto, o juiz de
Apiacás atendeu a um pedido
dos procuradores e bloqueou,
antecipadamente, os registros
de uma das glebas.
A empreiteira disse que ainda não foi citada no processo e
que tomou todas as precauções
cabíveis antes de adquirir as
áreas (leia texto nesta página).
A CR Almeida é a mesma empresa supostamente responsável por aquela que ficou famosa
como a maior grilagem de terras do mundo, de 4,7 milhões
de hectares, na região da Terra
do Meio, no Pará. A empresa
nega qualquer irregularidade.
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