São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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TRANSIÇÃO

PT divulga mais dez coordenadores da equipe de transição, todos ex ou atuais colaboradores de administrações petistas

Palocci monta equipe com nomes "locais"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT definiu ontem mais dez nomes para a equipe de transição de governo, que será dividida em cinco grupos temáticos e produzirá em 30 dias um diagnóstico sobre a situação do Executivo federal a ser entregue ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Com dificuldades para encontrar técnicos dispostos a compor a equipe, o PT recorreu a nomes que fazem ou fizeram parte de prefeituras e governos estaduais administrados pelo partido.
Ao todo, estão definidos 17 dos 20 "coordenadores" da equipe. Haverá ainda mais 30 "assessores", segundo a nomenclatura petista, a serem escolhidos nos próximos dias.
Pelo cronograma de trabalho, anunciado pelo coordenador da transição por parte do PT, Antônio Palocci Filho, os 50 nomes se dividirão em grupos sobre questões de Estado (defesa, segurança, justiça e Presidência), economia em geral, educação, saúde e empresas e bancos estatais.
Segundo Palocci, o que se buscará nos próximos dias é um "diagnóstico" da situação do governo, a fim de orientar as primeiras medidas do governo Lula. Um relatório deverá estar pronto nos primeiros dias de dezembro.
Foi definido ainda que Lula despachará com a equipe no prédio do Banco do Brasil cedido pelo governo Fernando Henrique Cardoso para os trabalhos de transição. Oferecida por FHC, a Granja do Torto, residência oficial do ex-presidente João Baptista Figueiredo (79-85), poderá ser usada por Lula para pernoites. Palocci disse que Lula decidirá se, após a posse, usará a Granja do Torto como residência oficial.
Em seu primeiro dia de trabalho em Brasília, Palocci se encontrou com o presidente da Petrobras, Francisco Gros, representantes do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e do Banco Mundial e o presidente nacional do PT, José Dirceu. Hoje, receberá Lula e Dirceu.
Alguns pontos de atrito com a gestão FHC foram explicitados por Palocci e Dirceu. É o caso da venda de ações do Banco do Brasil, cuja oferta foi iniciada ontem pelo governo, a privatização de quatro bancos estaduais até o final do ano e a definição do Orçamento de 2003 -que, sinaliza o PT, poderá ser alterado após a posse de Lula.
"Fazer uma transição a quatro mãos não é concordar com todas as políticas em curso", disse Dirceu. Segundo Palocci, o PT quer ser informado das ações com consequências a longo prazo.
Outra preocupação, diz Palocci, é o preço dos medicamentos, controlado por uma medida provisória que expira no final de dezembro. A indústria farmacêutica pressiona por um reajuste que compense a disparada do dólar.

Parente
O ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, que coordena a equipe de transição do governo, afirmou que, se questionado pela equipe petista, qualquer integrante da administração FHC desaconselhará a renegociação das dívidas estaduais. "O governo eleito deve saber que qualquer esforço fiscal que os Estados não queiram fazer sobrará para a União", disse durante palestra em São Paulo.
O ministro afirmou ainda que a venda de ações do Banco do Brasil não será suspensa ou adiada. Disse que, anteontem à noite, conversou com Palocci, e que não houve "estremecimento" na relação. "A decisão foi tomada porque assumimos o tema como responsabilidade do atual governo".
(GUSTAVO PATÚ)


Colaborou LIEGE ALBUQUERQUE, da Reportagem Local



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