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Ali Mazloum teria sido informado sobre grampo de seu telefone durante investigação
Diretor da Polícia Rodoviária avisou juiz, diz corregedor
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor da Polícia Rodoviária Federal no Espírito Santo,
Wendel Benevides Matos, disse à
CPI da Pirataria que o diretor-geral da instituição, Hélio Derenne,
teria avisado ao juiz Ali Mazloum
que o telefone do magistrado havia sido grampeado em apuração
realizada por sua equipe.
Ali Mazloum é um dos juízes federais em São Paulo investigados
pela Operação Anaconda sob suspeita de envolvimento em venda
de sentenças. Os outros dois são
Casem Mazloum, que é irmão dele, e João Carlos da Rocha Mattos.
Segundo o corregedor da PRF,
Ali Mazloum lhe telefonara pelo
menos três vezes. Em uma das ligações, teria dito que Derenne o
informara sobre a existência de
escuta em seu telefone e teria pedido que Matos confirmasse o fato ou verificasse a veracidade.
Combustível e contrabando
Matos era responsável por
acompanhar as gravações telefônicas de uma investigação conduzida pelo Ministério Público Federal sobre o homem considerado o maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério
da Silva, o Lobão.
As gravações teriam esbarrado
em outra investigação, sobre a organização criminosa que seria liderada pelo empresário do setor
de combustíveis Ari Natalino, e
consequentemente à Operação
Anaconda.
Nas gravações, haveria um diálogo entre Natalino e o policial federal César Herman Rodriguez
articulando um encontro no Hotel Hilton, em São Paulo, em meados de abril, entre eles e um magistrado que seria supostamente
Ali. Várias conversas citariam esse juiz como "M.M." (abreviatura
de magistrado), "árabe" ou "uma
pessoa influente que seria decisiva para o processo".
Juiz da 7ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, caberia a Mazloum decidir sobre a abertura de
processo contra Natalino, com
base em denúncia oferecida pelo
Ministério Público Federal.
Entretanto, Matos disse que o
telefone do juiz não chegou a ser
interceptado e que as gravações
deixaram de ser feitas em abril e
maio, por falta de ordem judicial
renovando a autorização da escuta telefônica, o que teria impedido
a confirmação sobre a realização
ou não do encontro.
No depoimento à CPI, ontem à
tarde, o corregedor também deu
detalhes sobre os diálogos em que
o juiz teria feito ameaças a ele.
Matos relatou três ligações que Ali
teria feito para o seu celular e nas
quais teria dito frases ameaçadoras como "a corda sempre arrebenta do lado mais fraco".
Após receber o material das gravações supostamente incompleto,
teria dito em um encontro em seu
gabinete que estava com a ordem
de prisão dele pronta por sonegação de provas. Por fim, teria convocado Matos para trabalhar como perito no processo que envolveria Natalino.
Os objetivos dele seriam obter
acesso à totalidade das gravações
telefônicas, esclarecer se o seu telefone e o de Rodriguez constavam na lista de aparelhos interceptados na apuração e saber se o
suposto encontro no Hotel Hilton
havia sido monitorado.
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