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"O PTB não tem que estar na base do governo", diz Jefferson
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-deputado Roberto Jefferson, autor das denúncias sobre o mensalão, retoma a rotina
política depois de cassado. Ele
volta a presidir o PTB e não
quer o partido no segundo
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. "O PTB
pode apoiar a governabilidade,
mas não tem que estar na base."
Ainda assim, disse que não vai
implodir o partido, porque "o
ministro Walfrido Mares Guia
(Turismo) e o líder José Múcio
Monteiro são governistas".
Ele levanta dúvidas sobre um
novo comportamento político
do governo Lula com o Congresso a partir de 2007: "O prefácio do novo governo está
igualzinho ao do passado".
(MD)
FOLHA - Como ficará a relação do
PTB com o governo?
ROBERTO JEFFERSON - Entendo
que o PTB pode apoiar a governabilidade, mas não tem que
estar na base do governo. Governabilidade é compromisso
nosso com a maioria do povo.
FOLHA - Mas farão isso sem compor o governo?
JEFFERSON - Não tem que indicar cargos. Deve ajudar a governar o Brasil, mas sem participar da base, efetivamente.
FOLHA - E quem será o interlocutor
do PTB com o presidente Lula?
JEFFERSON - Vai ser o José Múcio, o líder na Câmara. O presidente Lula inclusive já o chamou para uma conversa.
FOLHA - E se a maioria do PTB quiser ser da base e reivindicar cargos?
JEFFERSON - Pelo que eu consultei, não há a vontade de participar. Temos três princípios que
votamos na última convenção
nacional: aumento de impostos, não, reforma da CLT ou
aprofundamento da reforma
previdenciária, só com plebiscito. Primeiro, perguntem ao
povo. Depois pode até discutir.
FOLHA - Posso entender então que
o PTB será oposição?
JEFFERSON - Não, não vai ser
oposição. Se você disser: Roberto, você levaria o partido para a oposição? Eu criaria um
brutal conflito com o líder e
com o ministro Walfrido, que
são governo. Para que eu vou
implodir o partido? Vamos andando. O Múcio apoia a governabilidade e não coloca o PTB dentro do governo. Eu não quero o PTB dentro do governo.
FOLHA - O PTB já está no governo.
JEFFERSON - O Walfrido não é
ministro do PTB. Ele é ministro do Lula. E tem a gentileza
de dizer isso. Diz: "o meu PTB é
o Partido do Turismo Brasileiro". Ele não fala pelo PTB.
FOLHA - Se o PTB ficar fora da base,
entregará os cargos que tem hoje?
JEFFERSON - Não tem nenhum.
Tem o Walfrido, que é ministro
do Lula, não do PTB. E tem
aquele vice-presidente da Caixa, que foi ele que nomeou, não
o PTB. Todos os cargos que tínhamos entregamos em 2005:
Eletrobrás, Correios, Delegacia
do Trabalho, Eletronuclear.
FOLHA - O PTB tem consenso sobre
a reforma política?
JEFFERSON - Alguns. Fidelidade
partidária é fundamental. A
maioria do partido é a favor da
lista com financiamento público. O partido admite o voto distrital, ou distrital misto.
FOLHA - Se o presidente Lula chamar dirigentes partidários para discutir a reforma política, o interlocutor no PTB será o José Múcio?
JEFFERSON - O Lula não vai discutir isso. Não é problema dele.
O problema é da sociedade.
FOLHA - O presidente Lula disse
que conduzirá pessoalmente a articulação política. O sr. acha que mudará a relação com o Congresso?
JEFFERSON - Não. Penso que vai
ser a mesma coisa do governo
passado.
FOLHA - Pode haver risco de novo
mensalão?
JEFFERSON - Não sei. Eu não
quero julgar de forma negativa
um governo ungido pelo mandato popular. Vamos aguardar.
FOLHA - Mas o sr. vê chances de
mudanças?
JEFFERSON - Estou vendo é que
começou com um discurso de
conciliação intolerante com a
imprensa. Se você quer conciliar, não pode pregar intolerância. Você veja: já está com aquela luta interna de ministros dizendo que acabou a era Palocci.
O prefácio do novo governo está igualzinho ao do passado.
Vamos ver o desdobramento.
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